Lorotas verdes

Do ponto de vista político, até que Simão Lorota agiu corretamente ao inscrever-se na Conferência Rio+ 20, afinal, o Pará é um dos mais importantes estados da Amazônia e enfrenta problemas com atividades historicamente desenvolvidas de forma nada sustentável- mineração e pecuária- que o Amazonas não enfrenta na mesma intensidade, daí ser correto qualquer governador que tenha o nosso estado circunstancialmente intervir em agendas dessa natureza.
O problema é o momento desfavorável vivido pelo atual governador, aliado de autênticos ícones da motosserra e ladeado politicamente por uma troupe nada confiável à concretização da promessa feita, a de zerar o desmatamento no Pará até 2020.
Pelos mais recentes dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais(INPE), o desmatamento no Pará significou cerca da metade do total da área desmatada em toda a região; o Pará voltou ao topo da lista dos desmatadores, quando, até meados de 2010 e desde 2008, havia perdido essa posição para o estado do Mato Grosso; a bancada de sustentação do governador votou quase que unanimente em uma estapafúrdia proposta de Código Florestal que visava reduz drasticamente as áreas protegidas, de resto, na contramão da retórica de Simão, que fala genericamente em aumentar as áreas protegidas, em boa hora vetada pela presidenta Dilma Rousseff.
Resta provado que, nesse ambiente político, tanto os "municípios verdes" quanto o tal cadastro rural ambiental, ou coisa que se assemelhe, serão interpretados como meros factoides isolados e totalmente à margem de políticas globais que atinjam todos os segmentos sociais; serão, enfim, meras homenagens prestadas pelo vício à virtude com claras intenções marqueteiras, esta, por sinal, a recorrente saída encontrada por Lorota quando confrontado com a realidade que lhe desmente os atos.
Infelizmente, parece que é o caso. Sempre foi assim. Nada indica que vai mudar. Lamentável!