A pouco mais de dois anos das eleições de 2014, teóricos do tucanato já dão o tom do embate selvagem que será travado no interior do PSDB, na escolha do candidato à sucessão presidencial. A observação inevitável que se faz é, se entre pessoas de sofisticação intelectual o nível é esse, imagina quando o clima de fato esquentar e entrar em cena o exército da práxis. Eis alguns trechos desse embate,travado entre o serrista Marco Antônio Villa e o fernandohenriquista Xico Graziano, transcrito do blog do jornalista Altamiro Borges(blog do Miro).
"A ação intempestiva e equivocada de Fernando Henrique [em defesa de Aécio] demonstra que o principal partido da oposição, o PSDB, está perdido, sem direção, não sabendo para onde ir. O partido está órfão de um ideário, de ao menos um conjunto de propostas sobre questões fundamentais do País. Projeto para o País? Bem, aí seria exigir demais. Em suma, o partido não é um partido, na acepção do termo.
Fernando Henrique falou da necessidade de alianças políticas. Está correto. Nenhum partido sobrevive sem elas. O PSDB é um bom exemplo. Está nacionalmente isolado. Por ser o maior partido oposicionista e não ter definido um rumo para a oposição, acabou estimulando um movimento de adesão ao governo. Para qualquer político fica sempre a pergunta: ser oposição para quê? Oposição precisa ter programa e perspectiva real de poder. Caso contrário, não passa de um ajuntamento de vozes proclamando críticas, como um agrupamento milenarista.
O medo de assumir uma postura oposicionista tem levado o partido à paralisia. É uma oposição medrosa, envergonhada. Como se a presidente Dilma Rousseff tivesse sido eleita com uma votação consagradora. E no primeiro turno. Ou porque a administração petista estivesse realizando um governo eficiente e moralizador. Nem uma coisa nem outra. As realizações administrativas são pífias e não passa uma semana sem uma acusação de corrupção nos altos escalões.
O silêncio, a incompetência política e a falta de combatividade estão levando à petrificação de um bloco que vai perpetuar-se no poder... Em meio a este triste panorama, não temos o contradiscurso, que existe em qualquer democracia. Ao contrário, a omissão e a falta de rumo caracterizam o PSDB... Numa democracia ninguém é líder por imposição superior. Tem de apresentar suas idéias.
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Xico Graziano fustiga o “sabichão”
Diante de críticas tão ácidas e apocalípticas, Xico Graziano, um dos principais intelectuais orgânicos do PSDB, saiu em defesa do ex-presidente e da atual direção da legenda, hoje controlada por apoiadores de Aécio Neves. Num artigo no sítio Observador Político, abrigado no Instituto FHC, ele confirmou que o ninho tucano está em chamas e que ninguém mais se respeita nem se tolera.
Conhecido por sua língua ferina – o MST é um dos principais alvos de seus textos hidrófobos –, o ex-deputado do PSDB partiu logo para o ataque, qualificando o artigo de Marco Antonio Villa de “pretensioso e equivocado”. Além de defender caninamente o ex-presidente, com que sempre “estive ao lado”, Xico Graziano manifesta apoio à entrevista de FHC sobre as eleições de 2014.
“Quero eu entender do sabichão professor: onde está escrito que é errado um partido definir um candidato com antecedência? O PT fez isso com Lula durante 16 anos, e nada indica que tenha errado na estratégia”. Em síntese, os tucanos não têm unidade nem na leitura da conjuntura política, muito menos na definição dos rumos futuros da oposição de direita no Brasil.
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