É oportuna a reexibição da novela Roque Santeiro, ainda que em canal fechado e para público mais restrito, pois reaviva a memória para um procedimento muito comum dos chefes de quadrilhas, ao ter sempre à mão comparsas subalternos prontos a assumirem a total responsabilidade por eventuais delitos e garantindo a impunidade desses chefes.
Na OAB/Pa. isso provocou o maior escarcéu e foi matéria da Futrica Barbálhica(Diário do Pará) durante meses, até a intervenção da direção nacional daquela entidade na local, perdendo subitamente o interesse jornalístico, embora ainda não desvendado. Agora, um ex-membro da Comissão de Licitação da Alepa, em depoimento ao promotor Nelson Medrado, não reconhece sua assinatura e dispõe-se a submete-la a exame grafotécnico.
No entanto, mesmo com a falsidade, a presidência da Assembleia foi em frente e fez cumprir o resultado, por sinal, provavelmente tão fraudulento quanto a assinatura, já que a empresa vencedora nem fazia parte do grupo que disputou o tal certame.
Infelizmente, percebe-se que todas as investigações encontram-se restritas aos servidores que operaram esses esquemas flagrantemente criminosos, sem que se tenha qualquer alusão aos que tinham poder para dar curso ou não aos seus funcionamentos, sendo até prováveis beneficiários dos milionários desvios de recursos na medida em que não é crível até para o mais ingênuo dos mortais que presidentes daquele Poder assinavam qualquer coisa sem saber o que assinavam.
Óbvio que, se chamados a depor, dirão, como Sinhozinho Malta, que não sabem de nada, não viram nada e ninguém lhes falou de coisa alguma. Na novela, o desmentido é feito através de um recurso dramático que dá ao telespectador a impressão do uso de uma câmera escondida. Na vida real, talvez essa "câmera escondida" seja representada pela quebra do sigilo bancário de todos os envolvidos a fim de saber-se quem é ingênuo, quem é esperto, quem é falsário, quem é chefe, quem é comparsa, enfim, quem faz parte da quadrilha e foi beneficiado pela divisão do butim do assalto.
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