A Marcha Contra as Empresas Corruptoras
No Brasil, corrupção é algo estranho, já disseram muitos: grita-se contra os curruptos, mas silencia-se em relação aos corruptores.
Em 2003, a Convenção da ONU Contra a Corrupção, assinada por mais de 120 países em Mérida, enfatizou a importância de se punir com mais severidade as empresas corruptoras, além, evidentemente, de aumentar os mecanismos de controle sobre a atuação delas.
No ano passado, o Governo Federal enviou um projeto de lei que defendia maior rigor contra as empresas corruptoras, inclusive com a possibilidade de sua extinção judicial.
O projeto, no entanto, encontra-se parado no Congresso, apesar da convocação do presidente da Câmara, Marco Maia.
Além de não ser discutido no Congresso, este é um assunto tabu nas federações de indústrias, bancos e comércio: na ocasião da apresentação do projeto, Fiesp, Firjan, Febraban e outras entidades gigantes desconversaram.
A grande imprensa e seus satélites fingem que a questão não existe: não se fala, não se mostra, não se escreve sobre o tema.
Os colunistas "mais indignados" - com exceção de uma inserção esporádica de Josias de Souza, há dois anos - escondem qualquer informação ou opinião sobre as empresas corruptoras.
Não á manchetes, editoriais, discussão, reportagens aprofundadas ou mesmo superficiais sobre "empresas corruptoras" que saquearam o Estado desde a democratização.
Nos últimos dias, os intrépidos Alexandre Garcia e Di Franco produziram panfletos contra a corrupção "instalada na política", mas nenhum dos dois lembrou que, quando há corrupção, alguém corrompe, e quem corrompe, geralmente, são agentes econômicos (leia-se empresas), que jamais são punidos.
Tudo isso soa como demagogia barata: fala-se para a plateia, mas se esconde da plateia o problema em sua totalidade.
Daí a estranheza de ver veículos como a Folha, Globo e Estadão, que se calam em relação ao tema, estarem tão solidários com movimentações nas redes sociais "contra a corrupção", lideradas por anônimos de linguajar partidário (confiram no facebook e verão que quem mais posta mensagens para a convocação não se identifica).
Marcha contra corrupção que não proteste contra o silêncio criminoso de veículos da mídia - aliás, muitos deles envolvidos em negócios e em troca de favores com corruptos - e do Congresso em relação às empresas corruptoras é brincadeira de adolescente mal informado.
O caso da Veja, que retardou a entrevista de José Roberto Arruda, porque tinha "negócios" com o ex-governador, em pleno "mensalão do DEM", é um caso de cumplicidade evidente e um bom exemplo para se pensar na questão.
Portanto, para tornar a indignação mais verdadeira, todos à Marcha Contra as Empresas Corruptoras, porque se não há demanda...não haverá oferta.
É a lei do mercado da corrupção.
2 comentários:
Falando em corruptores o Blog O Cachete,fez um post sôbre o Pestilento Bob freire,que cai como uma luva ao não menos pestilento jordy.Dá uma passada lá para tu dares uma olhada.
Seu Jorge, já soube que um menor ou uma menor de 10 ficou dois dias presos na Seccional de São Braz ?
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