Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

terça-feira, 26 de julho de 2011

A farsa da Fórmula I

Tom Capri critica F1

O Mundial de Fórmula 1 de 2011 já está definido, o campeão é o alemão Sebastian Vettel, da Red Bull. Como a Fórmula 1 não pode mais ter campeão por antecipação, sob pena de tomar prejuízo irreparável, em meio a essa crise na Europa, as equipes que disparam na frente (como Red Bull este ano) são obrigadas a tirar o pé num determinado momento (agora).

Mas o título lhes é sempre garantido por aquele tipo de “acordo sigiloso” que o jornalista especializado em F-1 nunca denuncia, por fazer parte da farsa. É por isso que a decisão acaba ficando sempre para a penúltima ou última prova. Só que acidentes e brigas entre os pilotos da equipe que disparou na liderança (neste ano, a Red Bull) podem vir a melar o esquema e o título escapar das mãos dela. Este é apenas um dos componentes da farsa, há outros. E é também o que já começou a acontecer na escuderia de Vettel.
A equipe tem pontos suficientes para se dar ao luxo de ficar em segundo lugar e até mesmo com alguns terceiros, nas dez provas que restam, e ainda assim conquistar com folga o Mundial deste ano. Vettel tem 80 pontos a mais do que o segundo colocado (Webber). E só sete pontos separam o vencedor do segundo colocado de cada Grande Prêmio. Por isso, a Red Bull, líder com grande folga, vai “dar” agora uma “chance” às equipes rivais e deixar que ganhem os concorrentes que vêm imediatamente atrás, como Alonso, Hamilton e Button.
Os três deverão se revezar nas conquistas das próximas vitórias, “para que a Fórmula 1 não fique sem graça”. Mas não é tão simples assim: Vettel vai querer voltar a ganhar, Webber também, Alonso, Hamilton e Button idem, até Schumacher e Massa aspiram vitória este ano. E aí tudo pode se complicar e o título escapar de Vettel. Isto é, a farsa da F-1 ainda pode nos garantir novas emoções até o final. Acompanhe.
É claro que a Red Bull vai ganhar de novo nesta temporada, mas é possível que muito mais com o australiano Mark Webber, que é tão bom se não melhor que Vettel, mas foi contratado para ser “escada” do alemão e ainda não se conformou com isso. Webber já provou que, quando consegue carro igual ao de Vettel, alcança a pole e vence a corrida. No ano passado, em desigualdade de condições e sem o apoio que Vettel recebe da equipe, o australiano quase “roubou” a cena e ficou com o título.
Em razão disso, prevejo novas polêmicas e muita confusão na Red Bull até o final da temporada. Bom piloto, Vettel é jovem e ambicioso. Não quer apenas o bicampeonato, este ano. Quer também bater todos os recordes de seu compatriota Michael Schumacher, inclusive de número de vitórias. E tem tudo para conseguir, desde que a Fórmula 1 não o impeça de seguir vencendo.
Acontece que Vettel seguir vencendo é problema sério para as finanças da Fórmula 1, como já vimos. Ainda mais se seu companheiro de equipe, Mark Webber, começar a vencer, pois isto certamente apagará o brilho das conquistas do piloto alemão até aqui. Prevejo, por isso, novas brigas na Red Bull, como tivemos no ano passado, quando os dois pilotos jogaram seus carros um contra o outro. Nessa, a Red Bull pode pôr tudo a perder.
Novos choques entre os dois pilotos podem não só afastar Vettel das pistas, como nenhum deles ganhar as provas restantes e a Red Bull ficar até mesmo sem o título já conquistado por antecipação. É por isso que, apesar de ser toda essa farsa, a Fórmula 1 ainda poderá nos reservar algumas emoções até o final da temporada.
Quem vai ficar chupando o dedo, infelizmente, é Felipe Massa. No começo da temporada, vi tênue luz no fim do túnel para o piloto brasileiro. Os patrocinadores tinham pressionado a Ferrari para que deixasse de “bater” tanto em Massa, pois têm grandes interesses no Brasil (como o Santander) e não querem passar a ser odiados pelo consumidor brasileiro.
Dessa forma, a Ferrari recebeu “ordens” para continuar favorecendo Fernando Alonso, dando-lhe sempre o melhor carro (ou seja, para manter Massa como segundo piloto e “escada” do espanhol), mas também para que fizesse isso de uma maneira mais discreta, não como no ano passado, quando pediu abertamente a Felipe para que desse passagem a Alonso.
Acontece que a Ferrari começou mal a atual temporada, atrás da Red Bull e da McLaren, e viu-se obrigada a não dar a menor chance a Felipe Massa, concentrando todas as suas atenções em Fernando Alonso. O brasileiro recebe sempre carro inferior ao do espanhol, tanto nas tomadas de tempo quanto nas provas, mas, quando é ameaça ao companheiro de equipe, a Ferrari “erra” nos boxes e faz Alonso passar à sua frente. E o torcedor ou fã desavisado passa a achar que Massa é o novo pé-de-chinelo da F-1. Desconhece que Massa já provou nas pistas ser mais veloz e mais piloto do que Alonso.
E Massa nada pode fazer, a não ser resignar-se e aceitar essa condição de número dois. Se voltar a peitar a Ferrari, corre o risco de deixar a equipe e ter o mesmo destino de Rubinho Barrichello, que não consegue mais equipe competitiva para correr. Como você pode ver, o Brasil não terá mais vez tão cedo na Fórmula 1, outra componente dessa grande farsa em que se tornou a categoria.
Os organizadores, patrocinadores e promotores da Fórmula 1 não podem mais brincar. O Mundial é uma competição essencialmente européia, e a Europa, sabemos todos, está em meio a uma crise que já afetou consideravelmente até o mundo do automobilismo. Qualquer novo prejuízo, por menor que seja, poderá ser fatal para a categoria.
Por isso, neste momento, todos os GPs terão de contar pontos para a conquista do título da temporada e o campeão precisa ser europeu. Só assim a Fórmula 1 continuará prestigiada pelo seu público e não correrá maiores riscos. Se continuasse nessa toada, Vettel vencendo todas, a temporada terminaria umas cinco ou seis corridas antes, e isto seria fatal para a categoria. Abraço a todos.
Por Tom Capri
(Magazine Brasil)

2 comentários:

Vicente Cidade disse...

Caro Jorge,

Concordo somente com a análise, digamos, econômica. Também acho que está emcurso uma armação para "melhorar" a temporada.

Agora, dizer que o Massa é melhor que o Alonso e outras asneiras mais e pura viagem do cara.

Quem acompanha a F1 sabe disso. Veja essa última corrida, o Massa passou metade da corrida para ultrapsssar uma Mercedez, quando conseguiu já estava fora da luta lá na frente.

Por outro lado, Alonso passou o Vetel e Hamilton passou do espanhol "na marra", no "braço".

Na Ilharga disse...

Tendo a concordar com você. Principalmente porque me lembro de certos ufanistas sugerindo que a Ferrari beneficiava o Schumacher e prejudicava o Rubinho. Não dá!