Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Enigma tucano

O "depois da eleição não quero ver mais tua cara", frase pronunciada não sei por qual dos dois, durante um diálogo tenso entre Aécio e Serra, embora demonstre que café e leite não se misturarão no momento, não esclarece que linha o PSDB seguirá. Serra virou um híbrido e Aécio sempre escondeu seu verdadeiro perfil político atrás do comportamento de bon vivant.
Em 2002, Serra foi o desenvolvimentista que divergia da política econômica do governo FHC, representando a "continuidade sem continuismo" seja lá o que isso signifique. Não deu certo e Serra voltou em 2010 adotando o discurso mais reacionário que podia adotar, levando para suas fileiras neonazistas, monarquistas, o fundamentalismo religioso e afastando-se definitivamente da retórica de 2002, que prometia inusitadamente agregar o social à ortodoxia neoliberal. É desconhecido o produto dessa mistura e quais efeitos produzirá na luta pela hegemonia tucana.
Já Aécio, não se sabe qual discurso adotará. Sabe-se que deixou um sucessor no trono mineiro muito ligado ao que há de mais conservador no Estado, embora isto possa ser algo circunstancial na medida em que nada indica que essa criatura voltar-se-á contra o seu criador. E, em não se voltando, será apenas mais um sem maior ingerência no discurso da parte tucano-leitosa.
O que deve desvelar a postura de Aécio é seu comportamento diante de temas que povoarão o debate no Congresso na próxima legislatura. União homossexual, revisão do índice de produtividade na agricultura, reforma política, reforma tributária, regulamentação dos capítulos da Constituição a respeito da comunicação social devem esquentar o embate entre governo e oposição, bem como aguçar o ânimo das bancadas, digamos, temáticas(evangélica, ruralista, da mídia etc). Se Aécio colocar seu prestígio a serviço da negociação, proporcionando a votação e concretização desses temas será a maior liderança da oposição, principalmente se o resultado dessas votações rachar a bancada governista. E aí credencia-se a ser o candidato da oposição em 2014.
Mas, se repetir a postura das lideranças oposicionistas da atual legislatura, que contentavam-se apenas em atrapalhar a vida de Lula, será apenas mais um a perder-se na selva da mediocridade que caracterizou a oposição e facilitou a vida do governo petista.

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