Pode ser piada de mau gosto. Pode ser conjectura fruto do desespero. Mas pode ser também uma alternativa colocada na mesa do jogo político como um mal menor para os tucanos, nessa hora que o barco joga violentamente, com ameaça de naufrágio.
O boato de que Fernando Henrique Cardoso pode vir a ser o candidato do PSDB à sucessão de Lula não é hipótese descartável, até mesmo porque, em política, não há hipótese descartável a priori.
José Serra não abre mão de anunciar sua decisão, candidatura a presidência ou reeleição, somente em março; Aécio Neves não quer ser refém dessa decisão, e ameaça lançar sua candidatura ao Senado em dezembro, caso o PSDB ainda não tenha escolhido seu candidato.
Enquanto isso, como é do gosto do presidente tucano, senador Guerra, que adora vale-tudo, sucedem-se as caneladas: Serra é acusado de usar sua imensa horda de jornalistas para sacanear Aécio, como no caso da bofetada que o governador de Minas teria aplicado na namorada , em uma praia do Rio de Janeiro, divulgada em blog de notório serrista sem provas; Aécio, por sua vez, é acusado de traição por trocar figurinhas com Ciro Gomes, inimigo número um de Serra, além de não atender os apelos para, em nome da unidade partidária, retirar seu nome da sucessão presidencial.
Nesse clima, reduzem-se enormemente as chances dos tucanos voltarem ao poder, descortinando-se aos candidatos mais competitivos outras perspectivas políticas dentro da lógica de optar pelo pouco certo, em detrimento do muito duvidoso.
Então, o imolado no altar do desgaste seria alguém já familiarizado com esse sentimento na medida em que saiu quase enxotado pelo povo, dada a imensa frustração que causou. Além disso, FHC seria o único que se conhece a defender convictamente seu governo, sem que o rosto apresente o mais tenue sinal de tremor. E ainda poderia desferir elogios à Marina, em desfavor de Dilma.
Nada indica que dará certo, porém, em momentos como esse, em que se planta rosas e só aparecem espinhos, ousadia é tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário