Há um filme, de Alfred Hitchcock, intitulado "Tortura do Silêncio", em que um criminoso revela em confissão a um padre o crime que cometeu. Como a revelação foi feita no confessionário, pelas leis da igreja católica o padre estava impedido de denunciar tal crime. No final, a polícia identifica o assassino, este é preso, julgado e condenado, mas sai do tribunal acusando o padre de ter atentado contra as leis clericais, portanto era tão pecador quanto aquele criminoso.
A julgar pela matéria publicada domingo,no Diário do Pará, a respeito de supostas fraudes cometidas na concessão de seguro de pesca no Pará, jornalistas estão tão desobrigados quanto padres de denunciar crimes. Só na aludida matéria, o jornal cita o caso de um ex-dirigente da colônia que "dá a dica de como funciona a máquina montada para fisgar verbas públicas..." e de um outro que embolsa salário de pescador "sem nunca ter molhado os pés num rio".
Ora, diante de um delito tão grave, não estaria o repórter obrigado moralmente a dar, à polícia, o nome desses dois fraudadores?
Tomara que a Conferência Nacional de Comunicação tenha respostas para esse tipo de indagação. Caso contrário, o DP já tem em mãos um argumento para virar roteiro, e daí um filme, cujo título pode muito bem ser "A Tortura da Chantagem".
Nenhum comentário:
Postar um comentário