Nesses dias de pré COP30, a CNN Brasil resolveu dar atenção especial aos preços da alimentação praticados no local do evento, talvez até por não conseguir pautar algo mais relevante.
Claro que o gancho para esse tipo de matéria vem da longa polêmica estabelecida, desde quando Belém foi escolhida pra sede do evento e os preços da hospedagem começaram a ser alçados à lua.
Resolvido o problema da estadia, o conservadorismo da emissora seguiu a mesma linha, traçando uma tangente em relação a assuntos mais pertinentes, mesmo que a conferência ainda nem tenha começado.
Claro que isso provocou a ira de muitos paraenses, que viram naquelas críticas cínicas, misturadas ao preconceito vindo na bagagem dos envolvidos, na medida em que preços altos encontramos em eventos chamativos, em aeroportos onde os preços expressam o elitismo inerente àquele meio de transporte.
E, nessa gritaria de surdos, os preços protagonistas acabam ficando em segundo plano porque a justificativa local apenas reforça uma prática rotineira assimilada de outras regiões e, no final, a exploração triunfa sobre a inclusão a que teria direito a maioria da população.
Nesse sentido, não há como distorcer o rabo da porca, porquanto prevalece a lógica da conveniência do explorador, seja este o dono do imóvel, o vendedor de gêneros alimentícios, perecíveis ou não, o prestador de um serviço que foi privatizado e agora virou foco da ganância individual, enfim, está instituída, aqui e alhures, a exploração como forma de convivência social.
Apesar disso, segue constituindo-se em furto a venda de uma garrafinha de á produz, até em excesso, energia hidrelétrica; como roubo é o preço do peixe, extraído de rios tão fartos de pescado, a trinta reais, por exemplo, sem falar no preço do transporte coletivo, seja ele hidroviário ou rodoviário.
Particularmente, para nós, paraenses, achar isso natural apenas justifica, embora difícil de aceitar em sã consciência, que, em um estado tão rico em sua natureza exuberante, 44% de sua população viva sob a tensão da insegurança alimentar, que 1,3 milhão de pessoas seja dependente do Bolsa Família, além de 450 mil pescadores necessitem do seguro-defeso para sobrevier, segundo dados do IBGE. Não dá!

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