Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Lula na Indonésia: balanço de uma visita histórica


O presidente Lula concluiu nesta sexta-feira (24) sua agenda oficial na Indonésia com uma entrevista coletiva à imprensa. A viagem, a primeira do presidente ao país em 17 anos, marcou o fortalecimento da relação bilateral e a ampliação de parcerias estratégicas em comércio, ciência, tecnologia, energia e sustentabilidade. Ao longo de sua fala, Lula destacou a importância da cooperação entre os países do Sul Global, a busca por equilíbrio comercial e a necessidade de fortalecer o multilateralismo.

A importância da visita e o comércio bilateral

Lula começou destacando a magnitude do encontro. “Para mim é uma alegria essa viagem à Indonésia depois de 17 anos, na perspectiva de procurar novas parcerias, tanto para a gente vender, como para comprar, atrair investimentos e anunciar investimentos”, afirmou.

O presidente ressaltou o potencial econômico ainda pouco explorado entre os dois países. “O Brasil tem 215 milhões de habitantes, a Indonésia tem 280 milhões de habitantes e nós temos um comércio de apenas 6 bilhões e 300 milhões de dólares, o que é muito pouco”, destacou, lembrando que há um grande espaço para o crescimento das relações comerciais.

Ele também explicou que a viagem visa fortalecer relações que vão além da economia. “Não apenas econômicas e comerciais, mas parcerias entre as nossas universidades, parcerias entre os nossos cientistas, parceria entre os nossos ministros, para que a gente possa efetivamente não ficar dependendo de um único país.”

Cooperação em diversas áreas

A visita reforçou acordos em áreas estratégicas e destacou a assinatura de memorandos de entendimento para pesquisa conjunta e capacitação. O objetivo é priorizar áreas como biodiversidade, museus de clima, tecnologia espacial e energia limpa.

“Somos ambos países do Sul com vastas reservas de minerais críticos, que querem dominar todas as etapas da carreira de produção”, declarou.

Responsável pela abertura do evento, o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira ressaltou a presença expressiva de empresários dos dois países e destacou a relevância da viagem. “Esses dois encontros presidenciais em tão curto espaço de tempo são um sinal da excelente relação bilateral que o Brasil e a Indonésia mantêm.”

Educação e aproximação cultural

Um dos anúncios mais simbólicos da visita foi a decisão do presidente indonésio Prabowo Subianto de introduzir o ensino opcional da língua portuguesa nas escolas locais. Para Lula, trata-se de “um grande passo na aproximação entre as duas culturas dos dois países.”

O brasileiro também destacou a importância da cooperação climática. “Brasil e Indonésia são países incontornáveis no combate à mudança do clima, tanto pelo papel na transição energética como na conservação das florestas”. 

E comemorou ainda a contribuição indonésia para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), reforçando a necessidade do engajamento global em questões ambientais, especialmente às vésperas da COP 30, que acontece em Belém em novembro.

ASEAN e a estratégia internacional do Brasil

Durante a viagem, Lula participou de encontros com a ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), marcando a primeira participação de um brasileiro como parceiro de diálogo setorial. “Eu já fiz reunião com toda a União Africana, já fiz com a ASEAN e vamos ver o que o Brasil pode tirar de ensinamento nessas reuniões, o que a gente pode construir.”.

O presidente defendeu o diálogo, os acordos e a busca de soluções comuns como um caminho que beneficia diretamente as nações envolvidas. “É preciso que a gente fortaleça as instituições que dão garantia ao multilateralismo para que a gente tenha uma economia mais sólida, para que a gente tenha menos protecionismo e para que a gente possa ter um comércio mais livre.”

Relação com os Estados Unidos e negociação comercial

Questionado sobre o encontro com o presidente americano Donald Trump previsto para esse domingo, Lula enfatizou a importância da conversa presencial e franca, deixando claro que o país não impõe vetos a temas de discussão. Seu objetivo é defender os interesses nacionais, destacando que questões comerciais, como taxações e barreiras a produtos, serão discutidas com objetividade. 

“O Brasil quer recolocar a verdade na mesa, mostrar que os Estados Unidos não é deficitário, portanto, não tem explicação à taxação feita ao Brasil, não tem explicação à punição de ministros nossos, de personalidades públicas brasileiras.”

Sobre as declarações de Trump comparando narcotraficantes latino-americanos ao ISIS, Lula criticou a retórica agressiva e reforçou a necessidade de respeito à soberania de cada país. “Se o mundo ficar uma terra sem leis, sem respeitabilidade, vai ficar muito difícil viver. Se o presidente Trump quiser discutir esse assunto comigo, eu terei imenso prazer em discutir.”

Energia, meio ambiente e transição energética

Ao falar sobre a recém-aprovada exploração de petróleo na margem equatorial, Lula explicou que a estratégia é explicar para o mundo que o Brasil tem condições de fazer isso com toda a segurança, graças à expertise da Petrobras, mostrando que é dos países com maior utilização de energia renovável.

“O dinheiro do petróleo será utilizado para consolidar a transição energética do planeta. A Petrobras vai, aos poucos, sair de empresa de petróleo para ter uma empresa de energia.”

O presidente reforçou ainda a qualidade da matriz brasileira. “87% da nossa energia elétrica é limpa, a nossa gasolina é mais limpa, o nosso biodiesel é mais limpo. Estamos fazendo as coisas que têm que ser feitas corretamente e vamos continuar investindo em energia renovável.”

Otimismo 

Ao encerrar, Lula fez um balanço positivo da viagem. “Saio daqui muito satisfeito. A reunião com o presidente Prabowo foi muito positiva, fizemos oito acordos na Indonésia.”

E reiterou que o objetivo maior é fortalecer o Brasil no cenário global. “O mundo está a exigir dos líderes políticos muito mais volatilidade, muito mais competência de negociação, muito mais vontade de negociar e de fazer as coisas acontecer. Não dá para a gente ficar no Brasil esperando que as pessoas cheguem até o Brasil. Nós que temos interesse, temos que procurar as pessoas e oferecer o que o Brasil tem de bom para oferecer.”

(Agência PT)

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