Em forte discurso proferido nesta sexta-feira (22) em Bogotá, Colômbia, durante o Encontro dos Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica com a Sociedade Civil e Comunidades Indígenas, o presidente Lula chamou atenção para a urgência de o mundo proteger a Amazônia e o papel de liderança que o Brasil tem assumido nessa agenda. Lula disse que “estar aqui é ver a semente que plantamos há dois anos crescer e frutificar”, referindo-se aos esforços conjuntos para construir um novo modelo de desenvolvimento sustentável para a região.
O presidente destacou a retomada do combate ao desmatamento e o fortalecimento de instituições e políticas ambientais no Brasil. “Nos primeiros dois anos de governo, reduzimos quase que pela metade o desmatamento na região”, afirmou. Ele também reiterou o compromisso de transformar o Arco do Desmatamento no Arco da Restauração, recuperando 12 milhões de hectares de vegetação nativa. Lula mencionou a homologação de dezesseis novas terras indígenas, além do fortalecimento da fiscalização para combater o crime organizado que atua na floresta.
A cooperação regional também foi pauta, com a inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia em Manaus, visando coordenar esforços de combate à criminalidade.
Inclusão dos povos da Amazônia
Lula defendeu que o futuro da Amazônia passa pela inclusão social e econômica de seus povos, por meio da bioeconomia. “Não faz sentido que uma região tão rica sofra tanto com a fome e a pobreza”, disse, ao explicar que o programa de Florestas Produtivas vai fomentar o plantio de espécies nativas em paralelo com o cultivo de alimentos, expandindo também o Bolsa Verde. Ele sublinhou que a Amazônia “não é só feita de árvores. É também de gente – que vive e respira todos os dias”, e que a voz do povo amazônico “é mais do que justo que sua voz seja ouvida”.
Ao abordar a agenda global da transição energética, o presidente foi incisivo. “A dependência de combustíveis fósseis nos condena a um futuro incerto. A descarbonização não é uma escolha, ela vai se tornando uma necessidade”, alertou. Lula citou o que chamou de “pontos de não retorno” que a ciência indica, e reiterou que o Brasil ofereceu Belém como sede da COP30 porque a reunião “não poderia acontecer em nenhum outro lugar senão na Amazônia”. Ele criticou a postura de alguns países ricos. “Aqueles que poluíram o planeta tentam impor modelos que não nos servem”, condenou. “Utilizam a luta contra o desmatamento como justificativa para o protecionismo”.
O presidente brasileiro finalizou sua fala advogando em nome de uma nova governança global e do multilateralismo para enfrentar a crise climática. Ele propôs a criação de um “Conselho do Clima” na ONU para efetivar compromissos e anunciou iniciativas como o “Fundo Florestas Tropicais para Sempre”. Segundo o presidente, trata-se de um “mecanismo inovador que vai remunerar os países que mantêm suas florestas em pé”.
Convocando a todos para um esforço coletivo – um “mutirão” – do qual o Brasil é parte fundamental, Lula concluiu: “Se não houver futuro para a Amazônia e o seu povo, não haverá futuro para o planeta. Juntos, poderemos fazer da COP30 a COP da virada.”
(Palácio do Planalto)
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