O presidente Lula participou, nesta terça-feira (25), no Palácio do Planalto, da cerimônia de anúncio do acordo para a produção em larga escala da primeira vacina 100% nacional e de dosagem única contra a dengue. A iniciativa do governo federal fortalece a indústria farmacêutica brasileira e o Sistema Único de Saúde (SUS).
A partir de 2026, serão disponibilizadas à população 60 milhões de doses anuais, mas com possibilidade de ampliação da quantidade produzida conforme a demanda. O Ministério da Saúde (MS) pretende alcançar todas as pessoas atendidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) entre 2026 e 2027.
O evento lotou a sede da Presidência da República e teve as presenças da presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), da ministra da Saúde, Nísia Trindade, do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, entre outras autoridades.
Antes de iniciar o discurso, Nísia pediu um minuto de silêncio pela saúde do Papa Francisco, que foi acometido por uma pneumonia e segue internado em estado crítico no hospital Gemelli, em Roma. A ministra relatou uma reunião que teve com o pontífice e as preocupações dele em relação à saúde dos habitantes da Amazônia e da população mais vulnerável do país.
“Em outubro do ano passado, eu tive a oportunidade de ter um encontro com o Papa, muito emocionante como vocês podem imaginar. E como eu relatei para o senhor, presidente, ele falou com muito carinho do presidente Lula, e me recebeu em audiência privada, muito interessado nas questões de saúde indígena, da Amazônia e dos programas sociais no Brasil”, contou Nísia.
“O mundo todo está em oração e é uma forma de nós nos irmanarmos àquele que nos ensina que todos somos irmãos. Fratelli tutti”, pediu a ministra da Saúde, antes que todos os presentes à cerimônia se levantassem para homenagear Francisco.
Combate à dengue
A vacina 100% nacional representa avanço significativo no combate à dengue no Brasil. O protagonismo do governo Lula permite à oferta do medicamento crescer 50 vezes. A produção, fruto da parceria entre o Instituto Butantan e a WuXi Biologics, ficará a cargo do Programa de Desenvolvimento e Inovação Local (PDIL), do MS.
O financiamento da pesquisa clínica do projeto conta com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Nísia disse que os casos de dengue experimentaram redução, no ano passado, mas que a população não pode negligenciar a prevenção da doença. A ministra esclareceu que a nova vacina protege contra os quatro sorotipos de dengue. “A vacina será uma vacina em dose única […] Ela vai ser válida para os quatro sorotipos. Vários artigos científicos vêm demonstrando esse poder”, destacou.
“Então, essa vacina, ela já tem a definição de 60 milhões de doses em 2026 e a continuidade da sua produção. A gente espera, em dois anos, poder vacinar toda a população elegível”, concluiu a ministra da Saúde.
Indústria farmacêutica nacional
Os investimentos para viabilizar a vacina brasileira contra a dengue, além de outros medicamentos modernos, totalizam R$ 1,26 bilhão. O Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tem no Instituto Butantan um dos principais beneficiários de investimentos para desenvolver o complexo industrial farmacêutico do país. Essas ações estão alinhadas ao Nova Indústria Brasil (NIB).
O vice-presidente, que é médico, elogiou a nova vacina do governo Lula. “Uma vacina contra os quatro tipos de dengue, tetravalente, o que facilita muito. Por isso que ela é demorada, leva anos e anos. Você tem um foco de tipo 2, vai lá e testa. Aí fica esperando tipo 1, vai lá e corre, depois o 3, o 4. Teve que acertar os quatro para ter em uma vacina só a tetravalente”, reconheceu Alckmin.
O Novo PAC prevê ainda R$ 68 milhões para estudos clínicos visando ampliar a faixa etária e avaliar a coadministração com a vacina contra a chikungunya.
Outros medicamentos
No mesmo evento, o governo Lula anunciou a fabricação da insulina Glargina, como parte do Programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), que envolve a produção do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) pela Fiocruz e a finalização do produto pela empresa Biomm.
O MS estima atingir 70 milhões de unidades anuais de insulina, começando a partir do segundo semestre de 2025.
A internalização da produção da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) também é um das objetivos do PDP. Por meio da parceria entre o Instituto Butantan e a Pfizer, firmada nesta terça, a produção anual deve chegar a 8 milhões de doses anuais, atendendo à demanda do SUS e possibilitando a ampliação do público-alvo.
Por último, o Brasil garantiu acesso a inovações da vacina contra a gripe Influenza H5N8. O novo estoque estratégico acelera a capacidade de produção para até 30 milhões de doses anuais e permite ajustes rápidos na formulação do medicamento de acordo com a evolução.
(Site do Palácio do Planalto)
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