Governo rouba dinheiro dos fundos culturais e dá pra banqueiros

Definitivamente, esse governo das milícias caminha para nos transformar em um dos países mais atrasados, do ponto de vista cultural, por conta dessa mentalidade medieval que usa o poder representativo para silenciar vozes dissonantes.

Não bastassem os exemplos deploráveis do boicote ao premiado internacionalmente "Bacurau"; a proibição da exibição comercial de "Marighella" e a infame tentativa de inviabilizar o recebimento, por Chico Buarque de Hollanda, do Prêmio Camões de literatura, o mais importante em língua portuguesa, o governo adota a política de contingenciamento de recursos no orçamento a fim de inviabilizar novos projetos culturais que contam com a antipatia reacionária oficial.

Pior. Se com os contingenciamentos congelam os recursos destinados à cultura, agora a rapace equipe econômica do agiota surrupiará esses recursos dos fundos culturais contingenciados, Fundo Nacional de Cultura e Fundo Setorial do Audiovisual, através de uma PEC que extinga esses fundos e se aproprie indevidamente dos mais de R$2,1 bilhões a eles pertencentes, para pagamento da dívida pública que o governo não para de inflar artificialmente, fazendo a festa do cassino financeiro.

E nada indica que o sórdido titular da esvaziada Secretaria Especial de Cultura dê um pio contra a famigerada decisão. Afinal, aceitou passar resignadamente do Ministério da Cidadania, onde era subordinado a tarada da goiabeira; para o Ministério do Turismo, onde deve satisfações ao larápio dos laranjais, sendo que a única pessoa a quem dirigiu-se de forma venal foi contra a notável atriz Fernanda Montenegro, comprovando rezar pela cartilha do fascismo vigente.

Assim, a censura odiosa e obscurantista se impõe e favorece a hegemonia de manifestações xinfrins, como se representassem as mais legítimas aspirações populares. Governo e mídia mercenária formam um corredor do inferno por onde desfila a mediocridade oficialmente incentivada, transformando-se em opção única ao povo. Haja alienação, consumo fácil e falência do espírito crítico resultando disso o surgimento de uma nova horda dócil e vulnerável ao apelo dessa viralatice pseudo cultural que nos constrange.