O programa social Grande Missão Vivenda chegou ao número de 2,7 milhões de moradias construídas em todo país. Somente nos últimos 12 meses, 500 mil casas foram entregues. Até o final de 2019, outras 200 mil devem ficar prontas, de acordo com dados oficiais
Entre os conjuntos habitacionais em construção, o Brasil de Fato visitou um, no município de Chacao, zona leste da grande Caracas, que está sendo levantado pelos próprios futuros moradores.
Chacao é uma região de classe média e de maioria opositora ao governo chavista. O Conjunto Habitacional Acampamento de Pioneros será composto de 12 prédios de quatro andares, num total de 227 apartamentos, quase prontos.
A previsão é de que em três meses comecem a ser entregues os primeiros apartamentos aos moradores, todos oriundos dos bairros mais populares da capital venezuelana.
Quem visita a obra pode surpreender-se com o vai e vem agitado dos operários na construção. Essa não uma obra qualquer, pois os próprios moradores colocam a mão na massa.
Jovens estudantes carregam madeira, uma enfermeira assenta tijolos. A dona de casa prepara o cimento, enquanto o cozinheiro faz trabalho de marcenaria. Todos integram o movimento popular Acampamento de Pioneiros e fazem a autogestão dos recursos que recebem do programa Grande Missão Vivenda.
De acordo com o Ministério do Poder Popular para Habitação e Habitat, cerca de 37% das casas populares da Venezuela foram construídas pelos próprios moradores por meio da autogestão.
O perfil preferencial dos beneficiários do programa são as classes populares. Isso é o que apontam os dados do ministério: 82% das pessoas que receberam uma casa nova tinham renda de zero a dois salários mínimos.
A enfermeira Xiomara Mendez, de 60 anos, sabe do suor que custa sua casa. Dia sim, dia não, ela faz dupla jornada de trabalho. Primeiro na clínica Ávila, o hospital privado mais caro de Caracas, onde trabalha como enfermeira há mais de 25 anos. Ela batalha para ter a casa própria. “Na clínica faço turno das 19h às 7h da manhã e quando saiu vou direto para obra. A luta não pode parar”, diz com um sorriso no rosto, enquanto carrega blocos de tijolo.
Quando finalmente se mudar para o apartamento que está construindo vai poder ir a pé para o trabalho. Xiomara afirma que o esforço vale a pena: “porque com meu salário eu jamais poderia comprar nem um ranchinho”.
No sistema de autogestão, quem trabalha mais na construção tem prioridade na hora da escolha dos apartamentos. Além disso, o custo do apartamento não é calculado em dinheiro, mas por uma fórmula que considera horas trabalhadas, turnos de guarda noturna para vigiar a obra, participações em assembleias dos futuros moradores e em atividades comunitárias. A contabilidade dessas atividades é feita para cada família, que deve cumprir uma quantidade mínima de horas de participação, estabelecida pela própria comunidade em assembleias.
Déficit habitacional
Por muitos anos, o deficit habitacional foi considerado um dos problemas mais graves do país pela população venezuelana, segundo as pesquisas de opinião pública.
Segundo o ministro de Vivenda e Habitat, Idemaro Villaroel, a Missão Vivenda busca dar uma resposta à desigualdade social do país: “temos que dar uma resposta aos 3 milhões de venezuelanos que moram em favelas e esse programa é uma forma de corrigir injustiças sociais”.
O ferreiro Luis Torres, de 63 anos, atualmente aluga um quarto, na favela La Cruz de Bello Campo, onde mora com a esposa. “Nós temos oito netos e nesse natal espero poder receber a família em casa. Essa é nossa vontade”.
Além de trabalhar na obra do conjunto habitacional como todos os futuros moradores, Luis tem uma responsabilidade a mais. “O trabalho está divido em grupos e eu coordeno o grupo daquelas pessoas que trabalham com ferro. Também temos o grupo de moradores que fazem trabalho de marcenaria, carpintaria, carregando blocos de cimento, instalando tubos; os responsáveis pelo depósito e pelo inventários dos materiais”, explica o futuro morador.
Impacto do programa habitacional
O programa de construção de casas do governo venezuelana já beneficiou mais de 12 milhões de pessoas, segundo o ministério do Poder Popular para Habitação e Habitat, que estima ter ajudado entre 9% e 12% da polução.
“Os edifícios da Grande Missão Vivenda já fazem parte da paisagem da Venezuela. Quem visita Caracas, ainda que seja por um dia, é impossível que não veja os conjuntos habitacionais do programa, porque realmente estão por todas partes”, afirma o ministro Idemaro Villaroel.
A expansão do programa tem sido nacional. Villaroel garante que todos os 23 estados venezuelanos e o distrito capital hoje possuem obras de casas populares.
Ele afirma que a expansão foi possível porque a maioria dos materiais necessários para a construção são produzidos por empresas estatais venezuelanas.
“Mais de 80% dos materiais que utilizamos são fabricados por empresas públicas, importamos somente insumos complementares como os materiais elétricos, por exemplo. Mas hoje 100% da produção na empresa estatal Corporação Cimento vai para as obras de casas populares”, ressalta o ministro Villaroel.
Uso de produtos nacionais permitiu baixar o custo de produção. Atualmente, os apartamentos populares na Venezuela tem um custo médio de produção de US$ 10 mil (cerca de 40 mil reais) por unidade
Reconhecimento da ONU
O Grande Missão Vivenda foi criada em 2010 pelo então presidente Hugo Chávez, depois que fortes chuvas deixaram cerca de 36 mil famílias desabrigadas, agravando a questão estrutural do país.
Hoje o plano de construção de casas populares na Venezuela se transformou em um exemplo para o mundo.
O programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, o ONU-Habitat, reconheceu o esforço da Venezuela em matéria de acesso à moradia.
“A ONU-Habitat elogia a Venezuela pelos avanços que tem feito em habitações e reconhece que a moradia é um direito social. Agradeço os esforços do seu país por ter a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável como referência”, afirmou a secretária-geral da ONU-Habitat, Maimunah Mohd Sharif, durante a conferência anual do organismo, realizada em Nairobi, no Quênia, em maio deste ano.
Os conjuntos habitacionais de casas populares na Venezuela vêm acompanhado de uma série de outros programas e empreendimentos de organização comunitária, como padarias socialistas, hortas urbanas, distribuição das cestas básicas subsidiadas dos Comitês Locais de Abastecimentos e, em alguns casos, postos de atendimento médico.
Entre os conjuntos habitacionais em construção, o Brasil de Fato visitou um, no município de Chacao, zona leste da grande Caracas, que está sendo levantado pelos próprios futuros moradores.
Chacao é uma região de classe média e de maioria opositora ao governo chavista. O Conjunto Habitacional Acampamento de Pioneros será composto de 12 prédios de quatro andares, num total de 227 apartamentos, quase prontos.
A previsão é de que em três meses comecem a ser entregues os primeiros apartamentos aos moradores, todos oriundos dos bairros mais populares da capital venezuelana.
Quem visita a obra pode surpreender-se com o vai e vem agitado dos operários na construção. Essa não uma obra qualquer, pois os próprios moradores colocam a mão na massa.
Jovens estudantes carregam madeira, uma enfermeira assenta tijolos. A dona de casa prepara o cimento, enquanto o cozinheiro faz trabalho de marcenaria. Todos integram o movimento popular Acampamento de Pioneiros e fazem a autogestão dos recursos que recebem do programa Grande Missão Vivenda.
De acordo com o Ministério do Poder Popular para Habitação e Habitat, cerca de 37% das casas populares da Venezuela foram construídas pelos próprios moradores por meio da autogestão.
O perfil preferencial dos beneficiários do programa são as classes populares. Isso é o que apontam os dados do ministério: 82% das pessoas que receberam uma casa nova tinham renda de zero a dois salários mínimos.
A enfermeira Xiomara Mendez, de 60 anos, sabe do suor que custa sua casa. Dia sim, dia não, ela faz dupla jornada de trabalho. Primeiro na clínica Ávila, o hospital privado mais caro de Caracas, onde trabalha como enfermeira há mais de 25 anos. Ela batalha para ter a casa própria. “Na clínica faço turno das 19h às 7h da manhã e quando saiu vou direto para obra. A luta não pode parar”, diz com um sorriso no rosto, enquanto carrega blocos de tijolo.
Quando finalmente se mudar para o apartamento que está construindo vai poder ir a pé para o trabalho. Xiomara afirma que o esforço vale a pena: “porque com meu salário eu jamais poderia comprar nem um ranchinho”.
No sistema de autogestão, quem trabalha mais na construção tem prioridade na hora da escolha dos apartamentos. Além disso, o custo do apartamento não é calculado em dinheiro, mas por uma fórmula que considera horas trabalhadas, turnos de guarda noturna para vigiar a obra, participações em assembleias dos futuros moradores e em atividades comunitárias. A contabilidade dessas atividades é feita para cada família, que deve cumprir uma quantidade mínima de horas de participação, estabelecida pela própria comunidade em assembleias.
Déficit habitacional
Por muitos anos, o deficit habitacional foi considerado um dos problemas mais graves do país pela população venezuelana, segundo as pesquisas de opinião pública.
Segundo o ministro de Vivenda e Habitat, Idemaro Villaroel, a Missão Vivenda busca dar uma resposta à desigualdade social do país: “temos que dar uma resposta aos 3 milhões de venezuelanos que moram em favelas e esse programa é uma forma de corrigir injustiças sociais”.
O ferreiro Luis Torres, de 63 anos, atualmente aluga um quarto, na favela La Cruz de Bello Campo, onde mora com a esposa. “Nós temos oito netos e nesse natal espero poder receber a família em casa. Essa é nossa vontade”.
Além de trabalhar na obra do conjunto habitacional como todos os futuros moradores, Luis tem uma responsabilidade a mais. “O trabalho está divido em grupos e eu coordeno o grupo daquelas pessoas que trabalham com ferro. Também temos o grupo de moradores que fazem trabalho de marcenaria, carpintaria, carregando blocos de cimento, instalando tubos; os responsáveis pelo depósito e pelo inventários dos materiais”, explica o futuro morador.
Impacto do programa habitacional
O programa de construção de casas do governo venezuelana já beneficiou mais de 12 milhões de pessoas, segundo o ministério do Poder Popular para Habitação e Habitat, que estima ter ajudado entre 9% e 12% da polução.
“Os edifícios da Grande Missão Vivenda já fazem parte da paisagem da Venezuela. Quem visita Caracas, ainda que seja por um dia, é impossível que não veja os conjuntos habitacionais do programa, porque realmente estão por todas partes”, afirma o ministro Idemaro Villaroel.
A expansão do programa tem sido nacional. Villaroel garante que todos os 23 estados venezuelanos e o distrito capital hoje possuem obras de casas populares.
Ele afirma que a expansão foi possível porque a maioria dos materiais necessários para a construção são produzidos por empresas estatais venezuelanas.
“Mais de 80% dos materiais que utilizamos são fabricados por empresas públicas, importamos somente insumos complementares como os materiais elétricos, por exemplo. Mas hoje 100% da produção na empresa estatal Corporação Cimento vai para as obras de casas populares”, ressalta o ministro Villaroel.
Uso de produtos nacionais permitiu baixar o custo de produção. Atualmente, os apartamentos populares na Venezuela tem um custo médio de produção de US$ 10 mil (cerca de 40 mil reais) por unidade
Reconhecimento da ONU
O Grande Missão Vivenda foi criada em 2010 pelo então presidente Hugo Chávez, depois que fortes chuvas deixaram cerca de 36 mil famílias desabrigadas, agravando a questão estrutural do país.
Hoje o plano de construção de casas populares na Venezuela se transformou em um exemplo para o mundo.
O programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, o ONU-Habitat, reconheceu o esforço da Venezuela em matéria de acesso à moradia.
“A ONU-Habitat elogia a Venezuela pelos avanços que tem feito em habitações e reconhece que a moradia é um direito social. Agradeço os esforços do seu país por ter a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável como referência”, afirmou a secretária-geral da ONU-Habitat, Maimunah Mohd Sharif, durante a conferência anual do organismo, realizada em Nairobi, no Quênia, em maio deste ano.
Os conjuntos habitacionais de casas populares na Venezuela vêm acompanhado de uma série de outros programas e empreendimentos de organização comunitária, como padarias socialistas, hortas urbanas, distribuição das cestas básicas subsidiadas dos Comitês Locais de Abastecimentos e, em alguns casos, postos de atendimento médico.
(Brasil de Fato/Opera Mundi)
Nenhum comentário:
Postar um comentário