"Não há um só país no mundo democrático em que jornalistas entreguem seu material jornalístico à polícia ou aos tribunais para inspeção antes de publicar, como Moro exige. Como juiz, ele deveria entender que uma imprensa livre está explicitamente protegida na Constituição".
Foi o que declarou o jornalista Glenn Greenwald após o ministro da Justiça de Bolsonaro auto vitimar-se, hoje, na CCJ do Senado, quando declarou que as revelações do site The Intercept, dirigido por Glenn, é sensacionalismo baseado em trabalho de hackers.
Aliás, em suas respostas, ou melhor, na única resposta que parece ter trazido de casa e dado em todas as ocasiões, o ex-juiz limitou-se a exaltar sua imparcialidade, duvidar da autenticidade do citado material jornalístico, apesar disso jurar pela fé da mucura que seu conluio com o MP é normal.
O cinismo de Moro chegou a tal ponto que respondeu ao monte de perguntas do senador Weverton(PDT-MA) questionando sua parcialidade, seu comportamento politiqueiro e explicações a respeito de ter condenado sem provas da seguinte forma: não consegui anotar suas perguntas.
Do que assisti, um dos pontos altos foi a intervenção do senador Rogério Carvalho(PT-SE), que limitou-se a fazer perguntas que Moro não respondeu e ainda insinuou que o senador fez acusações sem provas contra instâncias jurídicas, com o senador lembrando que apenas fez perguntas e enfatizou que as intervenções de Moro estarão gravadas e posteriormente saberemos se o ministro mentiu ou não. Uma bela armadilha.
Esse é o busílis do caso: Moro nada responde, nada esclarece. Limita-se a passar-se por vítima e a cobrar punições aos responsáveis pelas acusações contra ele, associando velhacamente as denúncias do conceituado site jornalístico a trabalho sujo de hackers, em torpe tentativa de operação abafa.
Resta saber se a bancada situacionista estará disposta a travar um debate ao menos no nível do que foi travado hoje na CCJ, quando Glenn Greenwald for sabatinado no Senado. Diante da serenidade e competência até aqui demonstrada pelo jornalista estadunidense, é pouco provável que a sessão não termine em tumulto, aliás, como tem feito a bancada da boçalidade toda vez que se vê contrariada pela verdade dos fatos.
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