"Foi um erro", diz presidente do Paraguai; quantia registrada de
maneira fraudulenta em declaração oficial de bens equivale a US$ 645
mil; caso de patrimônio mal explicado pode causar reviravolta na
situação política do país vizinho; Veja e PSDB foram os primeiros a
apoiar substituição do ex Fernando Lugo e saudar honestidade de Federico
Franco; e agora?
247 – Um aumento não explicado de US$ 645 mil no
patrimônio pessoal do presidente Federico Franco, do Paraguai, seguido
pela adulteração de um documento oficial, pode provocar uma reviravolta
na situação política do país. Saudado como democrata e de honestidade a
toda prova, inclusive por setores da mídia brasileira, como a revista
Veja, e partidos políticos como o PSDB, Franco admitiu em conferência de
imprensa que supervalorizou em documento público uma de suas
propriedades no País. "Foi um erro meu, estou dando a cara", disse o
presidente. Ele registrou sua propriedade em San Lorenzo por um valor
maior que 1,3 bilhão de guaranis acima do preço real.
A revelação sobre o "erro" de Franco pode causar uma reviravolta
política na situação do país. Alçado ao poder após o impeachment do
presidente eleito Fernando Lugo, o novo presidente provocou, com sua
posse, uma crise no âmbito Mercosul e Unasul. Até o momento, Brasil,
Argentina e Paraguai não reconhecem o novo governo. O Paraguai também
não foi reconhecido, ainda, como membro da Unasul. Internamente, apesar
de o resultado da votação do impeachment ter se dado por larga margem na
Câmara dos Deputados, na sociedade Franco enfrenta forte oposição,
especialmente dos partidários de Lugo, cuja base de votos se situa nas
camadas mais pobres e numerosas.
No Brasil, a revelação sobre o "erro" de Franco deixa na mão parte da
mídia, em especial a revista Veja. A publicação da editora Abril foi a
primeira a reconhecer a mudança de poder como legítima, abrindo suas
páginas amarelas, de entrevistas, a Franco. Mais longe ainda foi o
senador Alvaro Dias, do PSDB. Ele tornou-se um franquista de primeira
hora, escalando-se como interlocutor preferencial entre a oposição
brasileira e o novo governo. Como eles reagirão agora que se descobre
que Franco não é o santo que se pintou?
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