Em um dos volumes do seu 'Folclore Político', o jornalista Sebastião Nery conta uma história lapidar que teria ocorrido com um senador norte riograndense.
Saído bem humorado de uma audiência com o governador de seu estado, descendo as escadas do palácio do governo foi irradiar o que parecia o êxito do encontro dando uma esmola ao cego que ali ficava.
Ofertou uma generosa quantia ao esmoler e ainda tratou de puxar conversa no meio de todo o movimento intenso naquelas escadarias, em uma sexta feira que o senador parecia ver tudo com cores bem otimistas.
-Parece que o senhor fatura bem aqui, né ceguinho? Disse o senador.
E o ceguinho, meio ressabiado, respondeu:
-Dá pra tirar o do leite das crianças, mas ficaria agradecido se o senhor falasse baixo, pois corre o risco de nossa conversa cair nos ouvidos do governador e aí ele bota algum parente aqui no meu lugar.
Sem dúvida, essa é a metáfora perfeita para explicar a índole patrimonialista que move grande parte dos nossos governantes, cá no Pará sobejamente conhecida, onde o governador certamente ignora as escadarias porque já povoou os interiores dos palácios com quantidade enorme de parentes.
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