Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

domingo, 3 de novembro de 2024

Quem vai ganhar nos EUA? Gurus da previsão respondem


Entre este domingo, 3, e a segunda-feira, Donald Trump fará sete comícios em estados decisivos dos Estados Unidos.

Isso dá uma medida de quanto é incerto o resultado das eleições deste ano.

Analistas apontam para os mais de 70 milhões de votos já nas urnas como sinal de que Kamala Harris pode comemorar a vitória já na noite de terça-feira.

Os democratas são aqueles que mais votam antecipadamente, dando aos republicanos a tarefa de tirar milhões de eleitores de casa na terça-feira, 5, que não é um feriado nacional.

Quem são e o que dizem os gurus da previsão eleitoral nos Estados Unidos a esta altura?

O estatístico-influencer

O estatístico Nate Silver, que tem 3,4 milhões de seguidores no X, publica uma newsletter sobre o assunto.

Ele ganhou fama por acertar os resultados de 49 dos 50 estados em 2008, na primeira eleição de Barack Obama. Errou em 2016, mas dava chance muito maior a Donald Trump (30%) do que outros pesquisadores (menos de 10%).

Silver combina resultados de pesquisas, que classifica de acordo com a confiabilidade, com outros dados que considera relevantes para fazer previsões.

A dele caminha para um empate de 50% a 50%:

A probabilidade de vitória de Kamala continua um pouquinho menor que a de Trump, mas é a mais alta em semanas.

Nate Silver diz que, depois das eleições, alguns pesquisadores estarão muito errados.

Ele próprio escreveu um artigo no New York Times dizendo que intuía a vitória de Trump, mas que os eleitores deveriam desconsiderar sua opinião pessoal.

Outro guru do ramo, que frequentemente se envolve em embates com Silver, é o historiador Allan Lichtman, apelidado de Nostradamus das eleições dos EUA, por ter acertado o resultado de 9 das últimas 10.

Criador das 13 Chaves para a Casa Branca, ele prevê vitória de Kamala Harris e, nas últimas horas, disse que outros institutos estão mudando suas previsões para não errar grosseiramente.

Pesquisa-surpresa

A empresa Selzer & Co., que Nate Silver coloca no topo da confiabilidade, com nota A mais, divulgou uma pesquisa segundo a qual Kamala Harris tem inesperada vantagem de 47% a 44% sobre Trump em Iowa, um estado historicamente republicano.

A pesquisa vai ao encontro das previsões de que as mulheres com formação universitária, temerosas de perder o direito ao aborto, levarão Kamala à vitória, votando contra os próprios maridos.

Outra empresa respeitada no mercado é a Split Ticket, que neste domingo distribui as chances de vitória assim: Kamala 53%, Trump 47%.

Race to the White House diz que a disputa está mais equilibrada, mas também dá favoritismo à democrata: 50,5% a 49,3%.

538, que foi fundado por Nate Silver, aposta na direção contrária: 53% a 47% para Trump.

Real Clear Politics, instado a fazer uma previsão dura sobre o resultado final, baseado na média das pesquisas de hoje, retorna vantagem de 287 a 251 votos para a chapa Trump/Vance no Colégio Eleitoral.

AtlasIntel, empresa que mais acertou em 2020 mas recebe apenas nota A do estatístico Nate Silver, fez uma pesquisa nacional nos dias 1 e 2 de novembro e deu vitória a Trump por 49% a 47,2% no voto popular.

A desaprovação de Joe Biden está em 55,5%.

De acordo com a pesquisa, Trump seria levado à vitória no voto popular por homens de baixa escolaridade que estão na base da pirâmide social, com votação significativa entre negros (27,9%) e hispânicos (38,4%).

Isso, no entanto, pode não se traduzir em vitória no Colégio Eleitoral (Hillary Clinton venceu a votação popular em 2016, mas perdeu a eleição).

Apolíticos ou voto feminino?

Se de um lado os democratas estão certos de que Kamala vencerá com maciço voto de mulheres com formação universitária, Trump aposta nos "apolíticos".

A campanha tentou atrair pessoas que nunca votaram com "novelas" que o candidato emplacou em seus comícios.

Os temas são tratados superficialmente, levando os eleitores a pesquisar no Google.

Crimes cometidos por imigrantes ilegais, por exemplo, foram transformados em segmentos de vídeo dramáticos.

Uma vez feita a pesquisa no Google, o próprio eleitor se convence de que precisa votar em Trump para "corrigir" a situação.

As chamadas "narrativas" são fortemente emocionais, como a troca de sexo de crianças nas escolas, mulheres trans competindo em esportes femininos e outras fantasias criadas por marqueteiros ou que de fato tem apoio nas franjas do Partido Democrata.

O exemplo mais acabado deste esforço pelo voto "apolítico" é o sorteio diário de 1 milhão de dólares patrocinado por Elon Musk e seus parceiros, que usa um abaixo-assinado para atrair e registrar pessoas que nunca votaram.

Musk prometeu a Trump 1 milhão de votos nos sete estados-pêndulo. Nas últimas horas, o republicano tem falado em vencer na Virginia e em New Hampshire, tradicionalmente território democrata.

James Carville, que famosamente assessorou as duas vitórias de Bill Clinton, diz que Kamala Harris acertou o tom na reta final e prevê que ela vencerá por larga margem no Colégio Eleitoral, graças a triunfos em Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Carolina do Norte, Geórgia, Nevada e Arizona.

Como disse o guru-influencer Nate Silver, alguém vai se arrepender amargamente das previsões nos próximos dias. O período eleitoral é importante para que os institutos consigam clientes em outras áreas das pesquisas de opinião. O ramo vai faturar mais de U$ 20 bilhões nos EUA em 2024.

(Luiz Carlos Azenha/ via revista Forum)

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