Entre este domingo, 3, e a segunda-feira, Donald Trump fará sete comícios em estados decisivos dos Estados Unidos.
Isso dá uma medida de quanto é incerto o resultado das eleições deste ano.
Analistas apontam para os mais de 70 milhões de votos já nas urnas como sinal de que Kamala Harris pode comemorar a vitória já na noite de terça-feira.
Os democratas são aqueles que mais votam antecipadamente, dando aos republicanos a tarefa de tirar milhões de eleitores de casa na terça-feira, 5, que não é um feriado nacional.
Quem são e o que dizem os gurus da previsão eleitoral nos Estados Unidos a esta altura?
O estatístico-influencer
O estatístico Nate Silver, que tem 3,4 milhões de seguidores no X, publica uma newsletter sobre o assunto.
Ele ganhou fama por acertar os resultados de 49 dos 50 estados em 2008, na primeira eleição de Barack Obama. Errou em 2016, mas dava chance muito maior a Donald Trump (30%) do que outros pesquisadores (menos de 10%).
Silver combina resultados de pesquisas, que classifica de acordo com a confiabilidade, com outros dados que considera relevantes para fazer previsões.
A dele caminha para um empate de 50% a 50%:
A probabilidade de vitória de Kamala continua um pouquinho menor que a de Trump, mas é a mais alta em semanas.
Nate Silver diz que, depois das eleições, alguns pesquisadores estarão muito errados.
Ele próprio escreveu um artigo no New York Times dizendo que intuía a vitória de Trump, mas que os eleitores deveriam desconsiderar sua opinião pessoal.
Outro guru do ramo, que frequentemente se envolve em embates com Silver, é o historiador Allan Lichtman, apelidado de Nostradamus das eleições dos EUA, por ter acertado o resultado de 9 das últimas 10.
Criador das 13 Chaves para a Casa Branca, ele prevê vitória de Kamala Harris e, nas últimas horas, disse que outros institutos estão mudando suas previsões para não errar grosseiramente.
Pesquisa-surpresa
A empresa Selzer & Co., que Nate Silver coloca no topo da confiabilidade, com nota A mais, divulgou uma pesquisa segundo a qual Kamala Harris tem inesperada vantagem de 47% a 44% sobre Trump em Iowa, um estado historicamente republicano.
A pesquisa vai ao encontro das previsões de que as mulheres com formação universitária, temerosas de perder o direito ao aborto, levarão Kamala à vitória, votando contra os próprios maridos.
Outra empresa respeitada no mercado é a Split Ticket, que neste domingo distribui as chances de vitória assim: Kamala 53%, Trump 47%.
A Race to the White House diz que a disputa está mais equilibrada, mas também dá favoritismo à democrata: 50,5% a 49,3%.
O 538, que foi fundado por Nate Silver, aposta na direção contrária: 53% a 47% para Trump.
O Real Clear Politics, instado a fazer uma previsão dura sobre o resultado final, baseado na média das pesquisas de hoje, retorna vantagem de 287 a 251 votos para a chapa Trump/Vance no Colégio Eleitoral.
A AtlasIntel, empresa que mais acertou em 2020 mas recebe apenas nota A do estatístico Nate Silver, fez uma pesquisa nacional nos dias 1 e 2 de novembro e deu vitória a Trump por 49% a 47,2% no voto popular.
A desaprovação de Joe Biden está em 55,5%.
De acordo com a pesquisa, Trump seria levado à vitória no voto popular por homens de baixa escolaridade que estão na base da pirâmide social, com votação significativa entre negros (27,9%) e hispânicos (38,4%).
Isso, no entanto, pode não se traduzir em vitória no Colégio Eleitoral (Hillary Clinton venceu a votação popular em 2016, mas perdeu a eleição).
Apolíticos ou voto feminino?
Se de um lado os democratas estão certos de que Kamala vencerá com maciço voto de mulheres com formação universitária, Trump aposta nos "apolíticos".
Os temas são tratados superficialmente, levando os eleitores a pesquisar no Google.
Crimes cometidos por imigrantes ilegais, por exemplo, foram transformados em segmentos de vídeo dramáticos.
Uma vez feita a pesquisa no Google, o próprio eleitor se convence de que precisa votar em Trump para "corrigir" a situação.
O exemplo mais acabado deste esforço pelo voto "apolítico" é o sorteio diário de 1 milhão de dólares patrocinado por Elon Musk e seus parceiros, que usa um abaixo-assinado para atrair e registrar pessoas que nunca votaram.
Musk prometeu a Trump 1 milhão de votos nos sete estados-pêndulo. Nas últimas horas, o republicano tem falado em vencer na Virginia e em New Hampshire, tradicionalmente território democrata.
James Carville, que famosamente assessorou as duas vitórias de Bill Clinton, diz que Kamala Harris acertou o tom na reta final e prevê que ela vencerá por larga margem no Colégio Eleitoral, graças a triunfos em Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Carolina do Norte, Geórgia, Nevada e Arizona.
Como disse o guru-influencer Nate Silver, alguém vai se arrepender amargamente das previsões nos próximos dias. O período eleitoral é importante para que os institutos consigam clientes em outras áreas das pesquisas de opinião. O ramo vai faturar mais de U$ 20 bilhões nos EUA em 2024.
(Luiz Carlos Azenha/ via revista Forum)
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