As semelhanças entre os movimentos atuais de Lula, na direção do centro político, com os de Tancredo Neves, em 1984, são bem menores do que supõe a vã crença de Elio Gaspari.
Desde a proibição de bandeiras vermelhas em comícios das Diretas, já se desconfiava que a emenda Dante de Oliveira estava sendo rifada, em nome de um acordo de cúpula envolvendo até generais.
Tanto emedebistas quanto pefelistas, esses apenas ex arenistas que pulavam do barco ditatorial pra chancelar o novo arranjo, sabiam que o favorito em uma eleição naquela oportunidade chamava-se Leonel de Moura Brizola.
Mais do que repressão à esquerda naquele momento, rifaram o presidente do MDB, deputado Ulisses Guimarães, pois este era considerado demasiado radical pelo general Leônidas Pires Gonçalves, daí surgindo a chapa da 'transição transada' formada por Tancredo e Sarney.
As trapaças da sorte acabaram sendo corroídas pelas traças do autoritarismo, pois Tancredo morreu antes de tomar posse e a Constituição mandava que o presidente da Câmara Federal, Ulisses Guimarães, neste caso assumisse a presidência do país e convocasse eleição em 120 dias, fazendo reviver o fantasma de Brizola.
Até aquela infâmia de 1967, remendada em 1969, a Constituição Federal vigente à época, os conspiradores não foram capazes de cumprir sucumbindo aos arreganhos do esbirro Leônidas e ungindo Sarney, de forma ilegítima, à presidência do Brasil, consolidando o acolhimento do entulho autoritário no ninho da anêmica 'Nova República'.
Hoje, Lula segue em sua cruzada gigantesca para fazer com que o povo pobre seja novamente incluído no orçamento, assim como incluir os do andar de cima no imposto de renda, fazendo esse movimento sem qualquer vacilo em relação ao seu papel, apenas conclamando o maior número possível de lideranças políticas a participar dessa iniciativa civilizatória. Só isso.
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