O procurador da república Frederico Paiva disse em entrevista publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo que não entende as razões pelas quais a Procuradoria-Geral da República não deu apoio à Operação Zelotes, na gestão de Rodrigo Janot.
“Quando nós requisitamos dois peritos para a Procuradoria-Geral da República para poder viabilizar a análise dos dados bancários que foram quebrados, este pedido foi negado. Sob a alegação de falta de peritos, disseram que não haveria como ajudar a Zelotes.”A operação, desencadeada em março de 2015, revelou um bilionário esquema de sonegação praticado por grandes empresas, legitimado por decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
O primeiros cálculos indicavam que o esquema provocaria um rombo de quase 20 bilhões de reais, dinheiro que deixaria de entrar aos cofres públicos por conta da sonegação.
“Não consigo entender os critérios. A Zelotes envolvia o Carf, um órgão com importância fundamental na economia brasileira, lá são julgados cerca de R$ 500 bilhões em créditos tributários, e a gente veio mostrando resultados, oferecendo denúncias, conseguimos condenação, mas outras operações tiveram muito mais apoio. Eu não entendo os critérios da PGR”, disse o procurador.
Na mesma época, Rodrigo Janot turbinava a Lava Jato e se envolvia pessoalmente nas investigações conduzidas a partir da força-tarefa de Curitiba, inclusive com uma visita ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, para discutir corrupção na Petrobras.
A Lava Jato levou à ruína o sistema político, com a deposição de uma presidente legitimamente eleita. Já a Zelotes, como revela agora o procurador, foi desidratada, com a colaboração que a Polícia Federal deu logo depois do impeachment.
“A Polícia Federal tirou o delegado Marlon Cajado, delegado muito atuante na investigação em parceria com o MPF. Ele foi tirado da Zelotes em maio do ano passado, isso nos deixou a pé. Tivemos que lidar com um volume imenso e, infelizmente, não conseguimos analisar tudo. Isso foi um baque”, afirmou.
Lava Jato e Zelotes são duas faces da mesma moeda, num país que sempre foi injusto e retrocedeu com o golpe.
A cada dia, fica mais claro que a Lava Jato é um movimento político travestido de investigação criminal. Tirou um partido do poder e tenta interditar sua principal liderança, destruiu as empresas de engenharia e enfraqueceu a Petrobras, empresa estratégica para o desenvolvimento do País.
Os protagonistas da Lava Jato gostam de dizer que, com a operação, pela primeira vez na história poderosos foram para a cadeia. Seus seguidores, que vestiram camisa da CBF para protestar contra a corrupção, acreditam — ou fingem acreditar.
O fato é que a Lava Jato nunca ameaçou o poder real. Seu núcleo estava longe de Curitiba. É na Zelotes que se encontram as raízes da desigualdade brasileira — rico não paga imposto no Brasil.
Por isso, essa operação nasceu morta. Basta olhar para as empresas envolvidas nos processos suspeitos em tramitação no Carf para constatar o que já estava na cara: a Zelotes não ia dar em nada.
Segue a lista, apenas para registro histórico, já que são empresas blindadas:
Banco Santander 2 – R$ 3,34 bilhões
Bradesco – R$ 2,75 bilhões
Ford – R$ 1,78 bilhões
Gerdau – R$ 1,22 bilhões
Boston Negócios – R$ 841,26 milhões
Safra – R$ 767,56 milhões
Huawei – R$ 733,18 milhões
RBS – R$ 671,52 milhões
Camargo Correa – R$ 668,77 milhões
MMC-Mitsubishi – R$ 505,33 milhões
Carlos Alberto Mansur – R$ 436,84 milhões
Copesul – R$ 405,69 milhões
Liderprime – R$ 280,43 milhões
Avipal/Granoleo – R$ 272,28 milhões
Marcopolo – R$ 261,19 milhões
Banco Brascan – R$ 220,8 milhões
Pandurata – R$ 162,71 milhões
Coimex/MMC – R$ 131,45 milhões
Via Dragados – R$ 126,53 milhões
Cimento Penha – R$ 109,16 milhões
Newton Cardoso – R$ 106,93 milhões
Bank Boston banco múltiplo – R$ 106,51 milhões
Café Irmãos Júlio – R$ 67,99 milhões
Copersucar – R$ 62,1 milhões
Petrobras – R$ 53,21 milhões
JG Rodrigues – R$ 49,41 milhões
Evora – R$ 48,46 milhões
Boston Comercial e Participações – R$ 43,61 milhões
Boston Admin. e Empreendimentos – R$ 37,46 milhões
Firist – R$ 31,11 milhões
Vicinvest – R$ 22,41 milhões
James Marcos de Oliveira – R$ 16,58 milhões
Mário Augusto Frering – R$ 13,55 milhões
Embraer – R$ 12,07 milhões
Dispet – R$ 10,94 milhões
Partido Progressista – R$ 10,74 milhões
Viação Vale do Ribeira – R$ 10,63 milhões
Nardini Agroindustrial – R$ 9,64 milhões
Eldorado – R$ 9,36 milhões
Carmona – R$ 9,13 milhões
CF Prestadora de Serviços – R$ 9,09 milhões
Via Concessões – R$ 3,72 milhões
Leão e Leão – R$ 3,69 milhões
Copersucar 2 – R$ 2,63 milhões
Construtora Celi – R$ 2,35 milhões
Nicea Canário da Silva – R$ 1,89 milhão
Mundial – Zivi Cutelaria – Hércules – Eberle – Não Disponível
Banco UBS Pactual SA N/D
Bradesco Saúde N/D
BRF N/D
BRF Eleva N/D
Caenge N/D
Cerces N/D
Cervejaria Petrópolis N/D
CMT Engenharia N/D
Dama Participações N/D
Dascan N/D
Frigo N/D
Hidroservice N/D
Holdenn N/D
Irmãos Júlio N/D
Kanebo Silk N/D
Light N/D
Mineração Rio Novo N/D
Nacional Gás butano N/D
Nova Empreendimentos N/D
Ometo N/D
Refrescos Bandeirantes N/D
Sudestefarma/Comprofar N/D
TIM N/D
Tov N/D
Urubupungá N/D
WEG N/D
Total – R$ 19,77 bilhões
(Joaquim de Carvalho/ DCM)
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