A aprovação da PEC das Diretas até o terceiro ano de mandato, no caso, até o final deste ano, na CCJ do Senado é, sem dúvida, uma vitória da democracia nesses tempos de golpismo vigente.
No entanto, é forçoso admitir que ainda não alcançamos o estágio de mobilização popular verificado em defesa da Emenda Dante do Oliveira, em 1985.
Mas é um passo significativo, e até inesperado, no sentido de aumentar a mobilização popular a fim de fazer o plenário do Senado Federal ratificar a decisão de sua Comissão de Justiça.
Há nisso, todavia, um componente inconveniente do ponto de vista da articulação golpista visando não entregar o poder usurpado docilmente. Trata-se da alternativa ruim com Temer, pior sem ele que passa a povoar as conjecturas dos conspiradores.
Com efeito, Temer pode ser digerido até dezembro de 2018, mesmo com todos os escandalosos malfeitos praticados que, em condições normais de temperatura e pressão, teria levado qualquer um para o xadrez.
A situação deixa de ser assim, pois a queda do MT até dezembro próximo agora corre o risco de ser sucedida pela antecipação das eleições de forma direta, aumentando o risco de Lula-lá.
Por isso, julgamentos no TSE, apurações no STF e até interrogatórios na PF passam a andar em ritmo mais lento, tudo para que tudo fique como está.
Além de tudo isso, Temer já demonstrou ser um Sarney na arte de usar a máquina pública em benefício de aliados durante pleitos eleitorais. Então, trata-se utilizar essas habilidades ao deixá-lo comandar a sucessão com a missão de refrear impulsos mudancistas no eleitorado, através de campanhas milionárias de candidatos do campo conservador.
Por isso, o júbilo pela vitória alcançada deve merecer mais mobilização nas ruas e empenho na denúncia diuturna do golpismo, o antídoto contra o marasmo da acomodação. É isso!
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