Jorge Paz Amorim

Minha foto
Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Deu no jornal!


Valendo-se do que está escrito no livro 1889, do jornalista Laurentino Gomes, pode-se afirmar que a Proclamação da República, hoje comemorada(?), foi um episódio, digamos, mais patusco que épico.

Não se pode nem afirmar que foi uma batalha de um doente grave, acometido de dispneia, o marechal Deodoro da Fonseca; contra um diabético em situação não menos preocupante, o Imperador D. Pedro II, embora isso tenha , no mínimo, precipitado os acontecimentos.

O marechal não era republicano, mas um ressentido contra a classe política que compunha o ministério imperial por conta daquilo que dizia ser um tratamento injusto dispensado ao Exército brasileiro.

Republicanos eram alguns civis influenciados por ideias oriundas de outros países, vistas como um passo adiante na modernização do Brasil, mesmo sob o comando de uma classe política pioneira na apropriação da coisa pública em benefício do privado.

Então juntou-se o desejo do Exército em depor o governo com a vontade de uma fração da sociedade que via na mudança de regime a desvinculação intelectual com o passado.

E aí, quanto mais avançava a conspiração, mais surgiam fatos hilários que nos tornam uma nação bandalha, mesmo em momentos que deveriam ser marcados pelo solene.

Os conspiradores marcam a data pra deposição do governo: 20 de novembro. No entanto, desconfiados que o marechal Deodoro podia morrer antes, remarcam para o dia 15.

Na data marcada, o marechal é acometido de forte crise e, sem ar, ouve um baita carão da esposa, que não quer que ele saia de casa, ou, no máximo, espere o médico.

O marechal ignora e sai mesmo assim. Todavia, não como um garboso líder revolucionário, e sim dentro de uma singela charrete, já que não teve forças pra subir em um cavalo.

Chegando no local onde o novo governo pretendia tomar o poder, subiu em um cavalo, este acabou transformando-se no primeiro caso de sinecura republicana, pois foi aposentado e viveu principescamente em uma baia no Rio de Janeiro sem fazer qualquer esforço.

Ao depor o governo, o marechal, em vez de derrubar simultaneamente o império, fez exatamente o contrário e deu um Viva! ao imperador, causando perplexidade e indignação nos republicanos mais convictos, o que não era o caso de Deodoro.

Foi preciso recorrer ao jornal de José do Patrocínio,outro republicano de última hora na medida em que cultuava a monarquia ao cultuar a princesa Isabel, eternamente grato por ela ter assinado a Lei Áurea.

Mesmo assim, Patrocínio patrocinou às pressas uma declaração que proclamava o advento do regime republicano o qual jamais fora formalmente anunciado pelo seu pretenso proclamador.

Após esse início bizarro, fica claro o porquê dessa elite corrupta e retrógrada que habita o Brasil não dar muita bola para aquilo que o bovino ministro Cardozo tanto cultuava e que desembocou no mandonismo de Temer e sua quadrilha.

Nenhum comentário: