Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A kafkiana conjuntura política



Nesses tempos de golpismo estuprador da Constituição Federal, causa estranheza que, de uma tacada só, surja a perspectiva de encrencar na malsinada Lava-Jato três dos mais emplumados tucanos: Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin.

Integrantes da força-tarefa da Lava Jato vão chamar de volta dirigentes da Camargo Correa, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez para prestar novos depoimentos; na mira dos investigadores estão obras realizadas nos governos paulistas de José Serra e Geraldo Alckmin e no mineiro de Aécio Neves, como o Metrô de São Paulo e a Cidade Administrativa de Belo Horizonte.

É óbvio o envolvimento de tucanos de alta plumagem com a roubalheira que se pretende investigar com seriedade, assim como é óbvio também que os bicudos sempre foram tratados como acima da lei, mesmo diante de evidências escandalosas.

Por isso, chama a atenção essa mudança brusca de comportamento, sempre posta sob suspeita de guardar segundas intenções no seu bojo.

Queridinhos da mídia, os três tucanos são conhecidos por viver de plantar factoides contra desafetos, principalmente um contra o outro, desde que viraram as maiores lideranças do PSDB. No entanto, até então nunca tínhamos visto os três vitimados simultaneamente no mesmo imbroglio, o que já indica a inexistência de responsabilidade de um dos três nesse novo direcionamento tomado pela verdugagem curitibana.

Ora, se isso não é mais um arroubo encenado de independência pra garantir mais uma canalhice contra Lula, seguramente seria obra do fogo amigo, oriundo de quem tem o poder de incendiar o pedaço a fim de sobressair-se como bombeiro.

Nesse momento, somente dois bicudos possuem meios pra tocar um ardil desse nível: FHC e Gilmar Mendes, ambos certamente bastante interessados em consolidar o golpe dentro do golpe. O primeiro, sonha com sua unção biônica, não tem votos suficientes que o façam competitivo em concurso de miss caipira, viraria presidente como consequência desse segundo golpe, porém não pra exercer um mandato tampão; e o segundo, como artífice da manobra que garantiria uma transação rápida, sumária e espúria provavelmente no rumo do parlamentarismo tão sonhado por essa fração da classe política que odeia o protagonismo do povo em uma democracia.

Consolidado esse sistema de governo, consolidada estaria igualmente a monarquia parlamentarista bananeira, com o 'Príncipe da Privataria' tornando-se nosso 1º Ministro até o fim de seus dias, o que não deve estar muito longe.

Sonho de uns, pesadelo para a maioria essa hipótese maluca acima formulada guarda verossimilhança na medida em que a situação de descalabro ora vivida no país dá apenas uma certeza: a normalidade democrática, bem como a vontade soberana do povo, são cada vez mais a hipótese absurda de escolha dos nossos governantes.

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