Seria bom ouvir o senador Requião

Quando os atuais tucanos paulistas saíram do PMDB para fundar o PSDB, um deles ficou para fazer o papel de 'cavalo de Troia', fundamental para rastrear os ex aliados e aparentes desafetos do momento. Foi Michel Temer, serrista de primeira hora e sempre protagonista na sigla então comandada por Orestes Quércia. Mesmo sem votos, Temer sempre teve prestígio, certamente adquirido pela utilidade que tinha para os tucanos, principalmente depois que esses passaram a presidir o Brasil.

Por isso, hoje, quando a cumplicidade Temer/Serra reúne-se pra tocar o barco golpista, não constitui exagero algum as advertências feitas pelo senador paranaense Roberto Requião sobre a tragédia anunciada.

– Desvincular o reajuste das aposentadorias e pensões do aumento do salário mínimo. Será a destruição do maior instrumento de distribuição de renda do país, que é a Previdência Social. Se pensões e aposentadorias não mais acompanharem o aumento do salário mínimo vai ser um massacre contra mais de 20 milhões de brasileiros.

– Rever direitos e garantias sociais acumulados ao longo dos últimos 80 anos, especialmente direitos e garantias previstos na CLT. Impor, como pedra de toque dessa revisão, o negociado sobre o legislado.
– Eliminar tímidas conquistas na área da igualdade de gênero.

– Congelar por inacreditáveis 20 anos as despesas correntes e de investimento da União, excetuando-se as despesas financeiras com o serviço da dívida pública. Ou seja: congelar por duas décadas as despesas com saúde, educação, segurança pública, saneamento, infraestrutura, habitação, mas garantir o pagamento de juros.

– Privatização em regra e alienação radical de todo o patrimônio energético, mineral, florestal, agrário, territorial, hídrico, fabril, tecnológico e aéreo do Brasil. Depois da entrega do pré-sal, da venda de terras para os estrangeiros, querem entregar até mesmo o Aquífero Guarani, a maior reserva de água potável do planeta.

Com efeito, o núcleo das más intenções golpistas contra o povo, resumidas nos pontos acima citados, constituem-se daquilo que foi deixado por fazer a quando da 'Privataria Tucana'- parte I, exclusivamente, é bom que se diga, pela pressão popular que impediu a consumação do intento tucano em nos fazer novamente de colônia do imperialismo.

Por isso, quando Requião diz que o país caminha para uma guerra civil não está exagerando no tom político da situação na medida que estamos adentrando em um período de exceção muito mais grave do que aquele vivido em 1964, sob o aspecto econômico.

Diante do novo nível de demandas sociais ameaçadas pelo golpismo e a capacidade de resistência desenvolvida ao longo desse processo, é fácil concluir o que nos espera. Principalmente porque o golpismo sempre responde com repressão manifestações sociais.