Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Roubando merenda escolar e votando contra a corrupção


O deputado Duarte Nogueira(PSDB-SP) estava licenciado do mandato, compondo o secretariado do governador Geraldo Alckmin. Licenciou-se do cargo comissionado para voltar à Câmara e declarar seu voto pelo impeachment da presidenta Dilma, invocando combate à corrupção.

Curioso que o nobre(?) deputado é um dos principais acusados de ser beneficiário do escândalo da merenda escolar naquele estado, que desviou milhões de reais da compra de gêneros alimentícios, a ponto de algumas direções de escolas públicas suplicar pra que pais providenciem a merenda em casa, já que as despensas das escolas estão vazias.

Enquanto isso, a polícia de Alckmin persegue integrantes da torcida corintiana 'Gaviões da Fiel', que tem levado faixas denunciando o papel nefasto da Rede Globo no futebol brasileiro, bem como acusando os ladrões da merenda escolar, talvez, daí a perseguição.

Duarte estava fantasiado de verde amarelo. Como diz a professora Marilena Chauí, o verdeamarelismo foi "elaborado no curso dos anos pela classe dominante brasileira pra legitimar o que restara do sistema colonial e a hegemonia dos proprietários de terra..." Depois, essa canalhice espraiou-se para a zona urbana, atravessando as décadas pós proclamação da república e chegando à ditadura militar/empresarial(1964).

Seu auge foi quando o Brasil ganha a Copa do Mundo, em 1970, sob os acordes da marchinha de Miguel Gustavo exortando que entrassem em ação os noventa milhões de brasileiros, em defesa da pátria de chuteiras, aparentemente, e a favor da euforia com o momento econômico vivido pelo país, fechando os olhos para o banho de sangue que o governo dava às custas do sacrifício de brasileiros que dissentiam daquele regime espúrio.

Surgiu daí o slogan 'Ame-o ou deixe-o', responsável pela fuga de milhares de brasileiros que se recusavam a amar aquela barbárie.

Após a redemocratização, pensava-se definitivamente sepultado esse artifício fascista que os donos do poder usaram em momentos significativos de nossa história a fim de colocar o povo sob o jugo ideológico desse sentimento tão canalha quanto artificial.

Qual nada. A figura do deputado paulista é emblemática desse uso maroto do verdeamarelismo, de resto, o figurino usado em manifestações que a direita fez contra a presidenta Dilma recentemente, acrescentando uma indignação artificializada a fim de iludir incautos de que tratava-se de movimento sério de combate à corrupção.

Aquele show de horrores protagonizado na Câmara Federal, em pleno domingo, encarregou-se de desmentir os propósitos higienizadores da empreitada, assim como os Duartes da vida expuseram quem são os verdadeiros criminosos, bem como desnudado foi que as intenções são opostas ao que tentaram passar.

Desnecessário voltar a falar da deputada Raquel, que homenageou o marido como exemplo de honradez e o sujeito foi preso por corrupção no dia seguinte. Pior, a própria deputada elegeu-se, em cumplicidade com o cônjuge enjaulado, usando de sua influência para furar a fila da saúde, dando preferência aos seus eleitores, por isso responde na justiça podendo ficar inelegível por oito anos.

No entanto votou e deu seu show de empulhação, desmascarado no dia seguinte, assim como Duarte Nogueira e várias dezenas de vigaristas que fizeram a apologia da honestidade em vão.

Se lograrem êxito naquela farsa coletiva terão deposto uma presidenta contra a qual não pesa qualquer acusação de malfeito no serviço público, golpeada por um bando de salafras, como naquela música de Gabriel, O Pensador, em que um índio é linchado por turba furiosa em nome da moral, sendo seus algozes gente da laia dos moralistas de domingo, da qual são símbolos Raquel e Duarte Nogueira. Triste!

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