Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

"NOVA REPÚBLICA". PARTE II


Quando Tancredo Neves morreu ainda não havia sido empossado na presidência do país, apenas tinha sido eleito, logo, Sarney não poderia sucede-lo porque igualmente ainda não havia sido empossado na vice.

Ocorre que aquela transição, transada(como dizia mestre Florestan Fernandes) à revelia da participação popular que foi às ruas pedir eleições diretas, sendo traída pelo conchavo entre PMDB e o aborto eleitoreiro saído da legenda de sustentação ao governo espúrio dos militares- o PFL- hoje cinicamente alcunhado de Democratas, não teve coragem de enfrentar os ministros militares(existia naquele tempo essa aberração), que não queriam a unção de Ulisses Guimarães, este o legítimo sucessor de Tancredo por ser o presidente da Câmara Federal.

Então, sob a aquiescência resignada da cúpula pemedebista e regozijo dos golpistas pefelistas, prevaleceu a vontade do truculento ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, e Sarney foi reconhecido como vice, tomando posse e desgovernando o país até 1990.

Hoje, quando novo golpe contra os preceitos constitucionais e vontade soberana da população foi dado domingo último, sob a batuta de um gangster, ladrão, bandido, conforme mimos adjetivos desferidos por outros parlamentares, constatamos que ganha corpo uma variação mais light do golpe, diante da reação estarrecida do mundo, e diante da deposição de uma presidenta contra a qual nada pesa que desabone sua conduta, para dar lugar a uma dupla de facínoras profundamente mal afamados, apenas porque urge salvar a pele de notórios bandidos que estão com um pé dentro da cadeia.

Mal menor, evitar que Cunha assuma a presidência do país, Dilma não tem mais condição de governar, tudo isso não passa de eufemismo pra amortecer os efeitos da bandidagem perpetrada domingo visando, ressalte-se, tirar o povo das ruas operando a traição semelhante a feita em 1985, naquela época, após milhões de pessoas expressarem o anseio de novamente eleger um presidente da República, anseio frustrado por umas três centenas de patifes detentores de mandatos eletivos, culminando na continuidade maquiada dos apodrecidos governos golpistas, amplamente rejeitados nas ruas.

Convocação de eleições antecipadas em pleno mandato da presidenta Dilma Rousseff é tão abjeto quanto a substituição dela pela dupla facinorosa da atual linha sucessória, por isso o PT não deve cair nessa armadilha na medida em que isso tira das ruas a população indignada e mobilizada pra resistir a canalhice domingueira de Cunha e seu bando de malfeitores.

Depois, não venha a direção petista chorar eventual apatia da militância na campanha emergencial fruto do golpe.

Tirar Dilma resolve o problema político das cúpulas que estão decidindo contra a vontade soberana da nação, manifestada em outubro de 2014, mas não resolve nossos velhos problemas institucionais, já que continuaremos com o mesmo Congresso em funcionamento, vale dizer, sob a influência de Cunha, Renan, Temer, Aécio e Serra.

Assim, sob a égide desse mal ajambrado eterno retorno ao mesmo lugar, caminhamos para mais uma vez consolidarmos a democracia tupiniquim. Aquela que é feita à margem da vontade popular e contra o interesse social. Triste!

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