Jorge Paz Amorim
- Na Ilharga
- Belém, Pará, Brazil
- Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
A renúncia de Datena é um ganho significativo à população paulistana
A renúncia do apresentador José Luís Datena à candidatura a prefeito de São Paulo é um mal menor diante do estrago que seria sua performance como candidato, a julgar por sua postura televisiva, sempre propondo soluções fáceis para problemas complexos e bastante antigos, além de incentivos enviesados à violência policial, ao preconceito contra moradores da periferia e demonstrações de valentia que só servem pra difundir ódio.
Nesse sentido, a candidatura do apresentador da Band representaria um reforço à despolitização da campanha através da criminalização da política, modismo deplorável adotado pelo conservadorismo a fim de combater o atual governo, induzindo a crença de que todos os problemas do país começaram com o atual governo, bem como terminariam com um golpe que depusesse a atual mandatária máxima do país.
Obviamente, sabe-se que isso está bem longe da verdade. Datena renuncia dizendo-se decepcionado porque a legenda a qual filiou-se roubou R$300 milhões da Petrobras. Acreditemos que ele esteja falando a verdade a respeito da participação do PP em esquemas de roubalheira daquela estatal e de sua decepção, isto o absolve?
Evidentemente que não. O PP é o partido de Paulo Maluf, foi do finado Celso Pitta e, pra ficar apenas em São Paulo, sempre esteve envolvido nos maiores e mais recentes escândalos ocorridos na capital paulista. Será que Datena ignorava isto? Que tipo de jornalista ele é que se dá ao luxo de ignorar o passado recente da maior cidade da América do Sul e mesmo assim lançou-se candidato a prefeito dela?
é óbvio que Datena significava mais do mesmo nesse clima de histeria moralista vigente. Como portador de soluções fáceis, seria mais um a apagar o passado e impor uma visão distorcida do presente, pautada na irracionalidade e no passionalismo que acomete grande parte do eleitorado brasileiro a partir de versões e estereótipos criados pelo segmento empresarial a que está ligado.
Assim, diminui-se o risco de destruir pela espetacularização todo o acúmulo de experiências e discussões que a atual gestão vem implementando ao resgatar certas práticas que se pensava inalcançáveis à uma cidade que havia esquecido a convivência fraterna e a perspectiva humanista na construção de uma outra cidade de São Paulo.
E não nos iludamos. São Paulo livrou-se desse, mas perduram outros riscos, através de candidaturas similares. Como há risco em todo o país de termos a ascensão desse tipo de apolítico ao poder, que no final pratica tudo aquilo que condenou nos outros e na campanha que poderá eleger esse tipo de 'salvador da pátria'.
É sempre assim. Quando a direita está longe do centro das decisões, recorre â criminalização da política para apear do poder aqueles que ligados a projetos democráticos e populares. Depois, com a volta à normalidade, resta a mídia partidarizada e anti popular a dourar a pílula do engodo aplicado contra o povo.
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