Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Desastres e eufemismos

temerrenan
Foto/ Tijolaço
O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, declarou, hoje, peremptoriamente que não embarcou no golpe tramado por Cunha e o PSDB, depois chancelado pelo vice-presidente Michel Temer. Com isso, mostrou que a unidade apregoada por Temer não passa de ardil para pressionar a todos os pemedebistas adotar a postura de apoio a ruptura democrática.

Chama a atenção, a elegância e sutileza de Renan na responsabilização pela crise política do presidente de seu partido ao reduzir a coordenação política do governo "se preocupou apenas com recursos humanos". Trocando em miúdos, Renan acusou Temer de reduzir sua complexa tarefa política ao simples preenchimento de cargos públicos e assim empoderar-se no âmbito do governo.

Não por acaso, os principais integrantes do Exército Brancaleone montado pelo vice de Dilma é composto por notórios reacionários, com a agravante de passagens nebulosas pela administração pública. Desde Moreira Franco, o governador do Rio de Janeiro e coveiro dos CIEPS; passando pelo ministro dos transportes de FHC, envolto em sucessivos escândalos rodoviários, Eliseu Padilha, e fechando com Geddel Vieira Lima, notório símile da política autoritária do coronel ACM na Bahia.

Constatando que o governo não comportava essas ratazanas, preferiu Temer sair, fazendo-o da forma mais torpe que se podia imaginar. Portando-se como um garoto dirigindo-se a papai noel, escreveu à presidenta reclamando pelo desprezo a ele dispensado. Não desprezo pessoal, soberbo e injusto,mas assumindo publicamente, já que a carta vazou ao conhecimento público, o reles fisiologismoa que reduziu seu papel e que o presidente do Senado elegantemente chamou de "preocupação com recursos humanos".

Na prática, o PMDB continua governo, inclusive Temer, embora este apenas formalmente, o que leva constatar-se que a bancada da Câmara rachou e no Senado é predominantemente governo. Assim, nem rompimento, conforme sonho cunhista, muito menos oposição sistemática. Contribuem para isso lideranças até mais representativas que Temer, como o governador do RJ Luís Fernando Pezão e o deputado Leonardo Picciani; o próprio Renan e seu filho governador das Alagoas; Jader Barbalho e seu filho ministro dos portos; Roberto Requião; Eunício Oliveira; Eduardo Braga e muitos outros que frustram a 'unidade' almejada pelo trio Cunha/Temer/Aécio.

De todo modo, percebemos que o funcionamento das instituições em sua plenitude enfraquece a olhos vistos as manobras golpistas que atentam contra nossa ordem democrática. Com efeito,quanto mais o debate se aprofunda mais claro fica que um governo fruto da vontade soberana do povo brasileiro deve, sim, submeter-se ao contraditório inerente ao estado democrático. No entanto, isto não dá aos que perderam o direito de exercitar seu inconformismo deforma patológica, a ponto de insubordinar-se contra o resultado que até ela, a oposição, reconheceu legítimo. Por isso, para o bem da nação, o golpismo perde força.

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