Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Memórias de Palmerio Doria. Ou, o BNDES nos tempos da privataria

RECUERDO
A NEGOCIATA NO BNDES DO PAI DE MACRI E EDUARDO JORGE, HOMEM FORTE DE FHC

"JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CHAPECÓ


O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) desembolsou US$ 137 milhões, entre abril de 97 e dezembro de 99, na operação que cedeu o controle do frigorífico Chapecó para o grupo argentino Macri.

Na operação de socorro ao Chapecó, o BNDES usou recursos na forma de empréstimos à empresa, financiamento para sua compra pela Alimbras S/A, subsidiária brasileira do grupo do empresário Francisco Macri, e na aquisição de 36,18% do capital do Chapecó -após a compra do controle deste pela Alimbras.

O negócio é apontado pelo Ministério Público Federal como exemplo da atuação do ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira, em ação que move contra ele em Brasília.

Em 24 de julho de 1998, quando havia deixado o governo para coordenar a campanha do presidente FHC à reeleição, EJ cobrou, em conversa telefônica com o então presidente do BNDES, André Lara Resende, o andamento da operação com o Chapecó.

Em conversa captada no grampo ilegal no telefone do BNDES, EJ pergunta como está ""aquele negócio da Chapecó". Resende responde que ""está praticamente equacionado (...). Está nos finalmentes mesmo".

Em depoimento no Senado, EJ afirmou que apenas estava querendo saber sobre a situação dos trabalhadores da empresa, que na época haviam feito uma greve -e, com isso, programar eventuais viagens de FHC à região.

Antes do telefonema de EJ, o BNDES já havia feito quatro empréstimos entre abril de 97 e janeiro de 98, totalizando US$ 51 milhões (R$ 54 milhões na época) para o Chapecó, então controlado por Plínio David de Nes Filho.

Esses empréstimos ocorreram depois que os principais credores da empresa contrataram em 24 de março de 97 a firma paulista Option Serviços Financeiros, sob o comando de Luiz José Fabiani, para controlar a empresa.

Os maiores credores são o BNDES, o BNDESPar (BNDES Participações), Banco do Brasil e o banco Bozano, Simonsen.

Além de um empréstimo de US$ 40 milhões, de 16 de abril de 97, para socorro imediato à empresa, em outubro e dezembro de 1997 e em janeiro de 1998 novos empréstimos, totalizando US$ 11 milhões, foram feitos a título de financiamento para exportação.

Mas o Ministério Público Federal já comprovou que nesse período o frigorífico não exportou.

Praticamente um ano depois do telefonema de EJ, o grupo Macri acertou com o BNDES um acordo para a compra da empresa.

No acerto, o BNDES fez um empréstimo, em 20 de outubro de 99, de US$ 58 milhões para a Alimbras S/A, empresa subsidiária do grupo Macri no Brasil e que virou a principal controladora do Chapecó. Pela cotação do dólar no dia da reunião do BNDES que decidiu pelo empréstimo, o valor era equivalente a R$ 114 milhões.

Conforme ata da reunião do BNDES, o empréstimo com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) visava ""financiar a aquisição de 97% do capital da Chapecó, bem como os custos pertinentes à referida aquisição". Com o dinheiro recebido, o grupo argentino comprou o controle acionário da família Nes e ainda integralizou o aumento de capital em R$ 85,5 milhões.
O empresário Dácio Gonçalves Pozzi, que era o presidente da Alimbras quando ocorreu o empréstimo, não quis comentar o assunto. Segundo ele, na época apenas ""assinou em cruz" o contrato com o BNDES. ""Eu era o presidente, mas cuidava apenas do setor de farináceos da empresa, carne era com o Fontana (Alex Fontana, atual presidente da Alimbras e do Chapecó)."

Fontana estava viajando na semana passada. Em seu lugar, respondeu o diretor Celso Mário Schmitz. Ele defende a operação.

Pozzi deixou a Alimbras em fevereiro deste ano. Ele não quis comentar sobre quanto foi pago à família Nes pelo controle acionário do Chapecó. Além de emprestar US$ 58 milhões para a Alimbras comprar a empresa, o BNDES desembolsou mais US$ 28 milhões (R$ 54 milhões) para adquirir 36,18% do capital total do Chapecó, em dezembro de 99.

Os US$ 51 milhões emprestados entre abril de 1997 e janeiro de 1998, com vencimento em junho de 1999, não foram pagos ao BNDES. Na compra do Chapecó, a Alimbras assumiu o débito referente a esses empréstimos e outros US$ 86,9 milhões da dívida financeira da empresa.

No total, a Alimbras assumiu US$ 137,9 milhões das dívidas do Chapecó -pouco mais do que o BNDES aplicou na operação. Em novembro de 99, a dívida total da empresa era de US$ 285,4 milhões. Para pagar esses US$ 137,9 milhões, foram negociados prazos entre 8 e 25 anos.
A Agência Folha apurou que o restante da dívida, US$ 147,5 milhões, deverá ser assimilada pelos antigos credores -apesar de constar, no anúncio de compra do Chapecó, que a diferença remanescente seria objeto de emissão de um ""reduzido números de ações preferenciais de classe distinta daquelas ora existentes".
(Via Amoral Nato)

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