Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Para sindicalistas estrangeiros, crise no Brasil é mais política do que econômica


Segundo dirigente da CSA, delegação estrangeira espera que congresso da CUT termine com resposta política contra a crise. Evento começou aos gritos de "fora, Cunha" e "não vai ter golpe"


Às 19h25, quando o acesso ao plenário começou a ser liberado, delegados ao congresso nacional da CUT gritavam "Não vai ter golpe" e "Fora, Cunha", em referência ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O tom político domina o evento, principalmente com a decisão da central de antecipar a escolha de sua nova direção, que deverá ser ratificada no último dia do congresso, sexta-feira (16). Também é essa a expectativa da delegação estrangeira, que se reuniu antes da abertura do encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele participará do ato ao lado da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente do Uruguai José Mujica, atual senador. Dilma confirmou sua presença apenas na manhã de hoje.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Sustentável da Confederação Sindical das Américas (CSA), Rafael Freire, há uma "preocupação enorme" entre os delegados internacionais com o momento político do Brasil. "A maioria não entende como chegou a essa situação."

O receio é de que um retrocesso institucional deixe outros países da região mais vulneráveis. Freire lembra que, neste século, houve dois golpes, em Honduras (via Judiciário, com confirmação do Parlamento) e no Paraguai (via Parlamento, com ratificação do Judiciário). "Eles (delegados estrangeiros) entendem que a crise é mais política do que econômica", diz o dirigente da CSA. Segundo ele, também causa estranheza o fato de que as investigações sobre corrupção envolvam apenas um partido (o PT).

Freire avalia que a representação internacional numerosa no congresso da CUT demonstra essa expectativa, de que a central possa sair reagindo de forma determinada contra a crise. O fato de a nova direção ter sido praticamente definida antes do congresso (será ratificada no último dia) deve contribuir para os debates. Segundo o dirigente, a expectativa dos delegados estrangeiros é de que "o centro do congresso seja a resposta política".

Este também foi o teor da conversa de Lula antes da abertura do congresso, em tom otimista, segundo o relato de Freire. "Ele cobrou muito que o movimento sindical tenha uma posição ativa em relação à defesa da democracia", afirmou. "O Lula explicou bem o que foram os avanços sociais nos últimos anos e a capacidade brasileira de superar a crise." O chamado ajuste fiscal do governo também suscitou dúvidas entre os estrangeiros, que analisam a receita como "neoliberal", já aplicada em outras ocasiões e que tem se mostrado ineficaz.

O segundo dia do congresso, amanhã (14), terá pela manhã justamente um debate sobre a economia brasileira, com participação do presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann. Em seguida, a CUT irá apresentar sua proposta para a crise.

À tarde, outro debate, sobre educação, reunirá o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin de Leão.
(Rede Brasil Atual)

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