Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Governo conservador português perde espaço nas eleições

Apesar do “bate-bumbo” da mídia conservadora alardeando a “vitória” da direita em Portugal e acentuando a “recuperação” da economia do país, graças à “austeridade" como causa deste “sucesso”, a análise equilibrada dos resultados mostra um quadro bem mais complexo.

 A coligação Portugal à Frente, do atual primeiro-ministro Passos Coelho foi de fato a mais votada, com 38,6%, ficando com 99 cadeiras em 230, mas diminuindo sua votação em relação a 2011 em 5,7%, perdendo 30 assentos e a maioria absoluta. Se formar governo, será um governo minoritário, e reza a tradição portuguesa desde a redemocratização em 1974 que tal tipo de governo não chega ao final do mandato. 

As trombetas daquela mesma mídia alardeiam que principal o derrotado foi o Partido Socialista, mas este, que teve 28,05% dos votos em 2011, cresceu para 32,4%, ficando com 85 cadeiras. O terceiro lugar ficou para o novo partido, o Bloco de Esquerda (aliado à Syriza grega), que teve um crescimento espetacular de 137,5%, saltando de 8 para 19 cadeiras, e de 2,51% dos votos em 2011 para 10,2%. Em seguida veio a Coligação Democrático-Unitária (PCP Verdes), que também cresceu (6,3%), ficando com 17 cadeiras. Depois veio o Partido Social Democrata/PPD (que em Portugal é descrito como de direita), com 5 cadeiras, e por último, o até então quase desconhecido Partido Pessoas/Animais/Natureza (PAN) que emplacou 1 cadeira, pela primeira vez na sua história.

 Portanto o que se vê é um expressivo recuo da direita e um também expressivo crescimento da esquerda. Se PS, BE e CDU se unissem, formariam um governo com ampla maioria no Parlamento. Entretanto, como é tradição, pode ser mais fácil juntar água, vinagre e azeite do que juntar as três forças partidárias, usualmente rivais.

 Mesmo que o PSD se una ao PAF, ainda assim a direita não obteria maioria no Parlamento. Um detalhe importante: a votação marcou uma nítida divisão geográfica, com o PAF obtendo maioria de votos nas províncias do Centro (incluindo a capital, Lisboa, e o Porto) ao Norte do país e o PS do Centro ao Sul. Em termos de quantidade de votos o PAF ficou com 1.979.132 e o PS com 1.740.300. O BE mostrou-se disposto a se coligar com o PS; ainda não se sabe o que este fará, nem qual será a decisão do presidente Cavaco Silva, a quem cabe indicar tentativamente um primeiro-ministro para formar um novo governo. Passos Coelho já declarou que pretende governar, mesmo em minoria. 4 cadeiras serão ainda decididas pelos votos do exterior, que serão computados no dia 14, mas estes não são suficientes para mudar o presente quadro eleitoral.
(Flávio Aguiar/ Carta Maior)

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