Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

A hipocrisia nuclear europeia

Enquanto os Estados Unidos e outras potências ocidentais exigem que o Irã cumpra o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), violam o mesmo tratado de maneira descarada com a instalação de novas bombas atômicas estadunidenses em bases aéreas da Europa.

Teerã foi levado por Washington e nações européias ao banco dos acusados para exigir total transparência em seu programa atômico, enquanto Israel se negava a reconhecer seu arsenal nuclear e a ratificar o TNP.

O primeiro artigo do referido tratado estipula que nenhuma potência nuclear das cinco reconhecidas oficialmente pode transferir técnica ou armas de destruição massiva a outros estados.

De acordo com um estudo da Federação de Cientistas Estadunidenses (FAS), o Pentágono conta com cerca de 180 bombas atômicas B61 alojadas em bases aéreas de Itália, Turquia, Alemanha, Bélgica e Holanda.

Atualmente, a Itália conta com 70 bombas nucleares e pilotos italiano foram treinados para poder operá-las desde aviões Tornado, sob as ordens do comando norte-americano. A Turquia conta com 50 bombas, enquanto a Alemanha, a Bélgica e a Holanda possuem 20 cada.

O artigo segundo do TNP estabelece que nenhum estado assinante pode aceitar a presença de armas de destruição massiva em seu território, como explicou o diretor de Projetos de Informação Nuclear da FAS, Hans Kristensen, citado pela Rede Voltaire.

Mas Kristensen destaca que as bases aéreas italianas de Aviano e Ghedi Torre realizam uma modernização de suas pistas e instalam ali equipes de precisão para receber as novas bombas atômicas B61 12, em substituição das B61.

O especialista sublinha que se trata não apenas de uma violação do TNP, mas de uma ameaça real ao sistema de dissuasão nuclear, pois os novos artefatos são disparados de aviões a uma distância de 100 quilômetros, não são mais lançados em queda livre.

Isso é possível porque seu trajeto é guiado por satélite, o que aumenta sua precisão e apaga a diferença entre armamento tático e estratégico. Tudo isso dá vantagem aos Estados Unidos acima da Rússia na paridade nuclear.



Sua capacidade de uso multifuncional, incluída a de atuar como bomba anti-búnker, aumenta a tentação para os comandos militares que queiram usar a B61 12 para destruir a cúpula de poder dos países atacados e com menos radiação, destaca o especialista norte-americano.

O ex-ministro alemão de Defesa William Wimmor, citado pela televisora ZDF, considera que o translado dessas bombas à Europa “é uma provocação deliberada para nossos vizinhos russos”.

Moscou reforçou seu escudo anti-míssil e mobilizou para sua região européia sistemas Iskander com bombas nucleares táticas e um alcance de 400 quilômetros, como reação à localização perto de suas fronteiras de caça-bombardeiros da aliança atlântica com armas nucleares.

De qualquer perspectiva, as B61 12 na Europa – com um peso de 300 quilogramas, três metros de comprimento e um efeito mortífero superior ao de Hiroshima – constituem um incumprimento do TNP, sob o pretexto de reforçar a capacidade de defesa comum da OTAN.

Em 1999, os aliados europeus dos Estados Unidos assinaram um acordo sobre “planejamento nuclear coletivo” para que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) mantivesse forças apropriadas na Europa, assinala a FAS.

O acordo procurava justificar a presença de armas de destruição massiva em estados europeus fora do clube nuclear, coincidindo com o começo da campanha para acusar o Irã de tentar desenvolver armas atômicas.

Europa e Estados Unidos exigem que outros respeitem o TNP enquanto se dispõem a encher seus arsenais com inovadoras B61 12, cujas características poderiam levar, da teoria à prática, a seu uso em um conflito convencional, destacam especialistas.
(Prensa Latina/Irã News)

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