Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O temerário Temer


Pode ser que o mordomo de castelo mal assombrado, vulgo Michel Temer, lá adiante desminta que assumiu o discurso golpista, em razão da repercussão que porventura vierem alcançar suas declarações. No entanto, é cristalino que assumiu esse discurso, até jagunços midiáticos perceberam essa evidência.

Um professor de Direito Constitucional que desse alguma importância ao renome alcançado na cátedra jamais recorreria a argumento tão estúpido pra justificar essa opção calhorda. Sabe ele, e sabem todos os que militam na política, que a aferição de popularidade de um governante brasileiro depende enormemente da simpatia desse governante diante do establishment político vigente, caso contrário, como ocorre com Dilma passará não por avaliação de popularidade, mas, por linchamento midiático seguido de sentença em forma de execração numerológica.

Não precisa nem recorrer aos casos escabrosos de números desmentidos pela realidade, como no caso da Bahia sob o 'Carlismo', acintosamente derrotado pelo petista Jacques Wagner. Peguemos o crime eleitoral cometido contra o também petista Alexandre Padilha, impedido de participar dos debates entre candidatos ao governo de São Paulo(2014) porque o malsinado IBOPE lhe atribuía apenas 5% das intenções de votos e as regras estabelecidas pelas famiglias midiáticas, para participar dos debates eleitorais na tevê o proibiam. Padilha teve cerca de 20% dos votos e mais teria, caso não tivesse ficado tanto tempo aniquilado, até que a justiça eleitoral resgatasse seu direito.

Portanto, com o pedido de perdão pelo trocadilho infame, esse exemplo é suficiente pra mostrar o quão temerário pra democracia é o sofisma de Temer sucumbindo à tentação golpista. Na verdade, essa reação tem jeito de emparedamento da presidenta legitimamente eleita, por conta de abrir a administração pública à transparência total indo muito além da retórica que até então presidia a sustentação desse princípio básico de nossa Constituição Federal.

No caso, é o próprio Temer que parece assombrado. Que tenta resgatar o clima inicial da 'Nova República', esta surgida do conchavo entre situação e oposição da época a fim de manter institucionalmente, sob a aparência de democracia, tudo aquilo que a ditadura famigeradamente legou.

Lembra o parecer do finado senador Nei Suassuna, relator do processo de cassação do mandato do senador Luís Otávio Campos por sumiço de recursos do Banco do Brasil, tomados emprestados para operar melhorias no estaleiro do sogro do senador investigado. Disse Suassuna mais ou menos o seguinte, aonde vamos parar com essa sanha investigativa. Daqui a pouco não haverá mais senadores, pois todos aqui são pecadores. Resultado: todos absolvidos e o princípio da moralidade atirado à lata do lixo.

Primeiro, é Eduardo Cunha; depois, Renan Calheiros, quem será o próximo? Eu? Deve indagar-se aterrorizado o dissimulado Michel Temer, ao que tudo indica, preferindo ser apeado do cargo de vice-presidente da República a ver a corrupção no país passar por um amplo processo investigativo. Aqui, não se trata dos fantasmas do romance O Castelo de Otranto, do inglês Horace Walpole, com seus fantasmas vestidos de branco e esqueletos que andam de um lado para outro fazendo ruído com suas correntes.

O que assombra Temer é a relação promíscua que a democracia, risonha e franca na aparência, que consolidou o poder midiático de um certo coronelismo ao arrepio da nossa Carta Magna; é o feudalismo fisiológico imposto nas estatais que escaparam à pilhagem privata; é o poder concedido à 'República das Empreiteiras', bem antes do que imagina a vã e malsinada operação 'Lava Jato, enfim, quando Temer intervém como aquele barão da ficção lampedusiana, prenhe de realidade, quer apenas dizer, façamos a assepsia moral ao nosso modo, antes que o povo a faça ao modo dele. Simples assim!  

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