Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

domingo, 27 de setembro de 2015

De apetites e nuvens


Pelo visto, os próximos dias serão de puro protagonismo do deputado Leonardo Picciani(PMDB/RJ), atual líder da legenda na Câmara Federal. Fez campanha pra Aécio Neves, viveu às turras com o governo até recentemente, mas, agora, guindado à condição de interlocutor do partido na reforma ministerial, vem avalizando vida longa ao governo, afastando qualquer tipo de golpe que passe pelo parlamento.

Afasta, pero no mucho, é bom que se diga. Os nomes até aqui indicados têm um histórico de ligação com o desafeto governamental e presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e nada indica que tenham mudado radicalmente suas, digamos, convicções. O indicado pro Ministério da Saúde, por exemplo, é voz ativa na bancada da saúde privada e até recentemente pedia a renúncia de Dilma; e o deputado José Priante(PMDB/PA), cogitado para a Integração Regional, até bem pouco tempo era também um cunhista convicto e alheio às tratativas que o primo Jader Barbalho mantinha com o governo federal.

Como no PMDB o modus operandi parece estar sempre com o olhar voltado pras nuvens, é bem provável que esses e outros parlamentares estejam se afastando da base do atual presidente da Câmara Federal, caindo nos braços do governo, não desinteressadamente, a fim de impedir um estrago ainda maior nas contas públicas, caso sejam derrubados os vetos apostos pela presidenta em projetos que causam um rombo acima dos R$30 bilhões nessas contas.

Diante da lupa atualmente mantida em cima de agentes públicos, é pouco provável que os novos ministros assumam os cargos pensando em movimentos radicais no trato dos dinheiros públicos. No entanto, em razão das ligações anteriores com a iniciativa privada, é justificado o temor de que alguns movimentos sejam feitos em retribuição à generosidade demonstrada pelos financiadores a quando das eleições.

É um risco que o governo corre após sentir-se em uma encruzilhada e ter tentado por todos os meios evitar esse tipo de negociação. A seu favor apenas a decisão histórica do STF, que vai gerar escassez em 2018, sendo a circunstância de se ter à disposição uma máquina da engrenagem governamental uma compensação nada desprezível.

Picciani declarou que "governa quem venceu as eleições", uma aparente platitude digna do repertório do conselheiro Acácio, porém lapidar frase indicando que as nuvens do céu da política adquiriram outro contorno levando junto o líder pemedebista. Até quando durarão esses "garranchos do céu" não se sabe. Sabe-se apenas que o atual parlamento, conservador, fisiológico e despolitizado está atingindo uma influência sem paralelo nas decisões do Poder Executivo. Resta saber que tipo de moderador de apetite o governo dispõe, se é que dispõe, para manter-se soberano.

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