A voz do dono

Não por coincidência, a sentença condenatória, lavrada pelo tucano/togado Sérgio Moro contra o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, reproduz as bazófias do jagunço Gilmar Mendes. A propina dada ao PT interferiu no processo político. Justificam esses dois tucanos a ojeriza do povo à privataria , impondo-lhe sucessivas derrotas eleitorais,como consequência da propina dada ao PT, diferente do dinheiro canonizado da tucanalha.

Menos mal que saiu a sentença. Agora Vaccari poderá recorrer à instância superior e contestar as biltrices desse Simão Bacamarte de toga, de resto, um péssimo condutor para um processo tão importante à nação, mas que que acabou refém da espetacularização, de manobras politiqueiras, e de vazamentos tão criminosos quanto os crimes investigados.

E não para por aí. Segundo o 247, agora Moro vai atrás de Palocci. Significa dizer,mais um petista a ser sacrificado no altar da pantomima togada, tudo pra aplacar a ira do 'deus' Gilmar. Então, assim como pretende apresentar queixa-crime contra o emplumado do STF, deve o PT, pelas mesmas razões, adotar o mesmo procedimento contra o comparsa( de 1ª instância) do esquema de Beto Richa, já que a acusação é a mesma: o PT recebeu dinheiro sujo dos mesmos doadores que beatificaram o dinheiro dado aos privatas do Caribe.

Ignore-se os temores da mídia e que entre em cena a coragem perdida. Não é mais possível ficar-se apenas em discursos, posts, artigos e pronunciamentos no parlamento mostrando a parcialidade dessa mídia corrupta, reacionária e desdenhosa dos fatos. Disso todos estão carecas de saber. É hora da direção do PT partir pro pau e processar toda essa escumalha que usa de meios indevidos e escusos pra criminalizar o partido e criar um clima semelhante ao existente em 1964 pra golpear a democracia. Não se iludam, só ainda não fomos depostos porque hoje os militares compreendem perfeitamente seu papel republicano. Se ainda fossem aliados dessa direita bandida, muitos de nós já teríamos sido banidos, presos, assassinados e depostos do governo.

Acusam-nos de bolivarianismo, em alusão ao legado de Hugo Chavez na Venezuela. É mais um traço calhorda dessa quadrilha na medida em que foram eles que herdaram os métodos golpistas da direita venezuelana. Mesmo admirando a conduta do povo e governo venezuelanos, nosso protagonismo internacional nos permite ter modelo próprio. Experimentamos conjunturas próprias. Lá, o povo foi às ruas e enxotou a elite bastarda do imperialismo ianque que queria tomar o poder na marra. Não está derrotada, mas encontra-se alquebrada depois que alguns dos chefões foram parar atrás das grades. Aqui ainda estamos na fase da tolerância infinita com as ações dos malfeitores golpistas. Talvez seja o momento de incomodar a justiça de classe brasileira cobrando-lhe adequação aos novos tempos. Chega de encenação canastrona para as câmeras globais, por sinal, com audiência em queda livre. É hora de realismo social, submetendo aos rigores da lei aqueles que sempre se acharam acima dela e lutam furiosamente em defesa desse privilégio.