O apoio da estrutura do governo do estado e de alguns veículos de comunicação não foram suficientes para encorpar os protestos “contra o governo e a corrupção”, nos dizeres de um canal de TV paga.
A Polícia Militar calculou em 275 mil pessoas o público presente na manifestação concentrada na Avenida Paulista, em São Paulo. No ato de um mês atrás, a corporação estimou a presença de 1 milhão de pessoas – um instituto de pesquisa computou um quinto dessa estimativa. Em termos proporcionais, o público de hoje foi 72,5% menor.
Segundo a corporação – que determinou a não abertura do Museu de Arte de São Paulo (Masp) ao público, a interdição do vão-livre do edifício para instalação de banheiros químicos e que já havia combinado com a Federação Paulista de Futebol a realização de um partida decisiva do campeonato paulista para as 11h da manhã – não houve incidentes.
No Rio de Janeiro, teriam sido 20 mil os participantes na marcha na orla de Copacabana. Em Brasília, a queda de público teria sido de 45 mil no dia 15 de março para 20 mil hoje. Em Belho Horizonte, de 20 mil para 6 mil. Sempre segundo avaliações das polícias militares locais.
Grupos defensores de intervenção militar marcaram presença. Algumas pessoas empunhavam faixas atribuindo o título de herói ao ex-delegado Carlos Alberto Augusto, conhecido como Vovô Metralha, acusado pelo assassinato de presos políticos durante a ditadura. “Vovô”, serviu no Dops de São Paulo.
Na equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury, atuou em casos de detenção ilegal, tortura e execução. Convocado para prestar depoimento à Comissão da Verdade, não foi localizado. Vítimas relacionadas: Carlos Marighella (1969); Eduardo Collen Leite (1970); Antônio Pinheiro Salles e Devanir José de Carvalho (1971); Soledad Barrett Viedma, Pauline Reichstul, Jarbas Pereira Marques, José Manoel da Silva, Eudaldo Gomes, Evaldo Luiz Ferreira de Souza e Edgard de Aquino Duarte (1973).
Mas a maioria dos demais movimentos que convocaram a atividade pelas redes sociais passou a se posicionar contrariamente a uma intervenção militar. Defendem apenas o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
O médico Carlos Martins , 49 anos, morador de Moema, carrega faixa contra o programa Mais Médicos. “O programa é um absurdo porque transfere divisas do país para uma ditadura, que é Cuba. O profissional recebe apenas 20% do que o governo paga. Falta estrutura de saúde no Brasil. Falta a condição de trabalho. Em 12 anos de governo, esse é um projeto eleitoreiro. A Venezuela faz igual, é um absurdo”, disse.
O comerciante Eduardo de Mello, 62 anos, do Alto da Lapa, diz que optou por escrever por cartaz em inglês porque trata-se de um movimento global para derrubar o que ele chama de “hipocrisia” no Brasil. “É o maior escândalo de corrupção do mundo, chegamos ao limite com esses bastardos.”
Um duplo sentimento movia o metalúrgico Maurício Pereira da Silva, 55 anos, que si diz "revoltado" com Dilma e Lula, mas que esta semana teve um choque de decepção com o Congresso, por conta da tramitação do projeto de lei que libera a terceirização. Silva mora em São Mateus, zona leste, e trabalha em Guarulhos. Para ele, a aprovação do PL 4.330 é um "balde de água fria" na mobilização dos que defendem o impeachment de Dilma.
Num caminhão identificado como Movimento 15 de Março, os oradores tentaram emplacar emplacar um “fora Haddad”, mas sem sucesso. O público não acompanhou. Já o carro de som do Quero me Defender falou em defesa do projeto que reduz ministérios, pediu investigação no BNDES e reclamou do investimento do governo brasileiro de no porto de Mariel. Houve também protestos contra o ministro José Antônio Dias Toffoli, que será encarregado no STF de relatar os processos da Operação Lava Jato. “Mais Moro, menos Toffolli”, dizia um cartaz.
A ciclovia em fase de construção na Avenida Paulista também foi alvo de fúria dos oradores, indignados com a perspectiva de ter aqueles 3 quilômetros de faixas na cor “vermelho maldito”.
Os coletivos que organizaram tentarão unificar ao máximo suas bandeiras de luta para evitar que o movimento esfrie e consiga tirar melhor proveito da queda de aprovação do governo Dilma. Anunciam a formação de um aliança democrática, que buscará reconhecimento e a interlocução no Congresso Nacional.
Em Goiânia, 2 mil pessoas participaram do protesto deste domingo na Praça Tamandaré, no setor oeste, segundo estimativas da PM. O número também é menor que o registrado pela corporação em março, de 60 mil participantes.
A PM do Paraná informou que 40 mil pessoas participaram da manifestação na região central de Curitiba, encerrada no começo da noite. Além da capital, os protestos reuniram 5 mil pessoas em Londrina e 1,2 mil em Foz do Iguaçu, além de outras cidades do interior. De acordo com a PM, o policiamento foi reforçado em todo o estado
Em Porto Alegre, a estimativa oficial da Brigada Militar é que 35 mil manifestantes tenham caminhado pelas ruas da capital em direção ao Parque Moinhos de Vento. Na manifestação de março, 100 mil participaram do ato contrário ao governo Dilma.
No Nordeste, houve protestos em capitais como Recife, Salvador, Maceió, Natal e Aracaju. Em João Pessoa, um trecho da Avenida Epitácio Pessoa próximo à orla foi interditado, e a PM informou que 300 pessoas participaram da manifestação, que terminou por volta de 18h. Nenhuma pessoa foi detida, de acordo com a corporação.
Em São Luís, aproximadamente 3 mil manifestantes se concentraram na Avenida Litorânea, segundo os organizadores do Movimento Brasil Livre. A PM contabilizou 400, que foram acompanhados por cerca de 20 policiais.
Em Manaus e em Belém, os protestos ocorreram durante a manhã. Na capital amazonense, a concentração na Praça do Congresso, no centro da capital, começou tímida por causa da chuva, segundo os organizadores. Às 11h, a PM do estado informou que havia 360 manifestantes. A expectativa da organização era ter a adesão de 10 mil pessoas.
O protesto em Belém reuniu cerca de 8 mil pessoas, segundo o coordenador do Movimento Brasil Livre no Pará Augusto César Silva. O grupo saiu do Mercado Ver-o-Peso em direção à Praça da República. De acordo com a PM, 3 mil pessoas participaram.
(Agência Brasil/ Jornalistas Livres/ Rede Brasil Atual)
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