Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Visão simplória

Curiosa a posição do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, ao declarar que anistia é esquecimento e isto envolve os dois lados, referindo-se à possibilidade de revisão da lei brasileira que anistiou os torturadores de 1964. Ora, não há dois lados. O que houve foi a apropriação à força da máquina do estado por parte de alguns segmentos que compõe a sociedade, seguida de violenta repressão praticada pelos golpistas.

Aqueles que o ministro chama de "outro lado" estariam onde sempre estiveram  caso não fossem transformados em inimigos(de quem?) pelos usurpadores, tocando suas vidas pessoais, fazendo política, na medida em que viviam em sociedade, e geralmente dando bons exemplos, por sinal, coisa que os golpistas nunca fizeram e hoje constata-se quando se vê a boçalidade ser tratada como herança, por uma minoria que clama pela volta da exceção recorrendo aos métodos mais truculentos para impor suas vontades.

De resto, não há justificação pueril, singela, brejeira usada pelo ministro capaz de dourar a pílula da selvageria e o que significou aquele período. Foi um golpe de estado, tramado por forças empresariais nacionais e estrangeiras, em conluio com uma parcela das Forças Armadas e apoio de segmentos reacinários oriundos da religião. As consequências foram claríssimas, apesar da histórica e torrencial adjetivação que os áulicos tentaram usar para mitigar os efeitos perversos daquela longa noite de trevas.

Portanto, diante de tudo aquilo que o Brasil subscreveu de tratados internacionais, bem como o que dizem esses tratados a respeito dos crimes cometidos não deixa dúvidas que não se trata daquilo que o ministro Mello quer apartar como se fosse uma briga de vizinhos. Claro que essa vergonhosa página só será virada quando o país reconhecer oficialmente o alcance da vergonha e punir seus autores, ainda que post mortem.

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