
Talvez, daqui do Norte do país, onde se é acusado de votar mal, comer mal(duvido!) e ser ignaro eu não consiga perceber essa dimensão dissidente que se quer dar à saída da senadora Marta Suplicy do Ministério da Cultura. No entanto, não consigo ver essa renúncia, barulhenta demais, é verdade, como um movimento de quem pretende enfrentar uma disputa interna com o prefeito Fernando Haddad, revelada justamente no dia seguinte a anúncio de uma das mais simpáticas medidas até aqui tomadas pelo alcaide paulistano, a de não reajustar o preço da passagem dos ônibus durante todo o ano de 2015.
Claro que Marta aproveitou o momento, da renúncia ao ministério, e colocou publicamente toda a sua divergência, talvez até antipatia pessoal, em relação a Dilma,contra quem fez coro ao mote empresarial no 'Volta, Lula!', antes da convenção petista, visto como mal menor pela classe pela diante do ar sisudo e governo de torneiras fechadas da presidenta. Isto certamente reflete uma posição pessoal. Todavia, há em jogo uma tarefa política bestante importante esperando por Marta e ela escolheu o momento e o rito que seguiria pra assumir, ou reassumir, essa tarefa.
Todos lembram que, antes de assumir o MINC, Marta foi uma vice- presidenta do Senado bastante atuante e extremamente cônscia de seus afazeres parlamentares e partidários. Que o diga o histriônico e debochado Mário Couto, que a acusou de perseguição porque ela sempre enquadrava no tempo regimental a pantomima histérica do tucano. Marta parece preparar sua volta ao cargo, principalmente agora que o governo e o PT já declararam total apoio à reeleição do pemedebista Renan Calheiros, obviamente seguindo a tradição da Casa, em que a maior bancada preside e a segunda maior assume a vice ou a 1ª Secretaria.
Assim, a senadora de São Paulo atravessaria todo o seu mandato com considerável protagonismo e chegaria a 2018, quando a bancada é renovada nos seus 2/3, com enormes possibilidades de reeleição. Ou, se optar, sendo forte candidata ao governo do estado e abrindo uma vaga ao ex-marido e quase ex-senador Eduardo Suplicy. Essa pode até nem ser a perspectiva do olhar do ex-casal, no entanto, para petistas mais militantes como eu, seria a melhor forma de servir o partido.
(Foto/247)
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