Violência, política e inoperância governamental

Em um estado que a polícia exige de quem a procura para denunciar um roubo que você forneça pra investigação o nome e o endereço do meliante denunciado, nada mais natural que os líderes nas pesquisas, tanto à Câmara Federal quanto à Assembleia Legislativa, seja um delegado de polícia e um coronel.

Enquanto a burocracia governamental encastelada na área da segurança pública apresenta números mágicos que, de tanto caírem já deveriam estar em níveis nórdicos, a violência campeia nos quatro cantos do estado fazendo nosso território parecer um cenário daqueles filmes de Quentin Tarantino, regados a muito banho de sangue.

À população aterrorizada resta recorrer aos dois policiais, como se fossem xerifes de cidadezinhas do velho oeste, que sozinhos eram capazes de restabelecer a tranquilidade. Infelizmente, não é assim que funciona nos dias de hoje. Se, nas ruas, os nossos bravos homens da lei não conseguem dar conta do recado na medida em que o crime organizado avança assustadoramente sobre as populações economicamente vulneráveis, por ausência de políticas sociais em nosso estado, aumentando exponencialmente seu exército da delinquência; que dirá com eles deslocados para Brasília, ungidos à condição de 'salvadores da lavoura'.

Paradoxo típico de uma sociedade desorientada diante da inoperância do poder público, resta torcer para que esse unção fruto do desespero produza o efeito de inserir nossos heróis em um debate mais amplo e civilizado a respeito da função social da segurança pública, contribuindo para que superemos o atual estágio do justiçamento e da criminalização social e racial. Será que isto é sonhar alto?