Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O pacto eleitoreiro

Cuidado! Esse peixe está estragado

A praticamente quatro meses do final do seu mandato, o governador do estado causa perplexidade a quem viu sua proposta de pacto pela educação. Mesmo que a administração pública seja um processo contínuo e impessoal, soa estranho que o governador anuncie medida tão importante às vésperas da eleição, principalmente porque falava disso já há quase um ano, mais precisamente a partir do momento em que os trabalhadores da área educacional resolveram enfrentar, ainda que timidamente, os desmandos do atual governo.

Em reforço da desconfiança em relação ao que pretende Simão, é muito difícil acreditar em uma iniciativa dessa natureza por parte de um governante que mostra-se omisso nesses quase quatro anos de gestão, reforçada pelo seu desempenho antecedente(2003-2006), quando praticamente abandonou a educação pública estadual à própria sorte ao inventar uma desastrada 'municipalização' da gestão, que transferia responsabilidades constitucionais do estado e mantinha o arrocho salarial dos professores como principal meta administrativa.

Agora, com o FUNDEB e o Piso Nacional do salário dos professores em plena vigência, o governo gastou a maior parte de suas energias para retirar direitos e conquistas dos servidores, chegando ao cúmulo de inverter um princípio pedagógico básico, ou seja, determinou que fossem fechadas todas as turmas que não atingissem o número mínimo de 35 alunos, que deveria ser o máximo. Não à toa, por onde passou, Jatene teve contra si a ira dos estudantes da rede pública, já fazendo parte da antologia política do estado o memorável filmete que registra o bate boca com duas alunas de uma escola pública de Santarém, ocasião em que foi desmentido diante dos 7,5 milhões de habitantes e respondeu culpando os alunos pelas péssimas condições da rede física estadual, dentre outras mazelas que atormentam o ensino público no Pará.

Nesse sentido, a promessa de "melhoria da qualidade da educação até 2017" traz embutida sibilinamente a marca de sua gestão: é a propaganda eleitoral anunciando que só através do continuísmo atingiremos esses objetivos. Mesmo que o uso da ferramenta tecnológica tenha sido desprezada pelo governador quando abandonou o programa 'Navega Pará', que colocava internet gratuita e de boa qualidade à disposição dessa clientela; mesmo que seja imperativo do atual governo a formação de aglomerados discentes em sala de aula, em contraste com a promessa de melhora; e, em decorrência dessa concentração excessiva, seja impossível a melhora de qualquer desempenho ou prevenção contra a evasão; mesmo que a gestão da SEDUC tenha tido como uma das primeiras medidas sob Simão soterrar a participação da comunidade na escolha dos dirigentes da escola, fator indiscutível de integração com a comunidade.

Cronologicamente tardio, pedagogicamente demagogo, socialmente vago e politicamente labioso o tal pacto proposto pelo governador ao apagar das luzes do seu(melancólico) segundo mandato(espera-se que seja o último de sua carreira) não deve ser levado em conta pelos diversos segmentos educacionais, sendo, isto sim, tratado como peça da propaganda eleitoral do candidato Simão Jatene, restrita à exibição no seu horário de propaganda. Apenas isso.

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