O espetáculo deplorável da justiça brasileira

No mesmo dia em que a polícia paraguaia prendeu o celerado Roger Abdelmassih, condenado a 278 de prisão por ter sedado e estuprado quase 60 pacientes sob seus cuidados médicos, o ministro Gilmar Mendes, o mesmo que concedeu um habeas corpus que permitiu a fuga desse monstro, concedeu uma liminar reintegrando ao desembargo no Tribunal de Justiça do Estado do Pará o senhor João Maroja, afastado do cargo pelo Conselho Nacional de Justiça, acusado que foi do uso do cargo para conceder favorecimentos a políticos flagrados malversando os cofres públicos.

Não por acaso, outros notórios criminosos deste estado, como os mandantes da morte da missionária Dorothy Stang, estão soltos graças a liminares obtidas também no STF do qual faz parte Gilmar Mendes, este ex- advogado geral de FHC, quando devia ter sido Advogado Geral da União e ter defendido os interesses da nação brasileira, jamais os interesses particulares dos eventuais ocupantes do governo.

E parece ter sido essa miopia que presidiu o comportamento de grande parte dos ministros daquela Corte. Inebriados pela luz dos spots da mídia partidarizada, viram-se repentinamente como pop stars e transformaram um julgamento em um reallity show de gosto duvidoso e resultado desastroso, crentes de que seriam vistos pela população como os grandes guardiões da moralidade. O tempo e as liminares espúrias dessa natureza se encarregaram de mostrar que tudo não passava de ficção de péssimo gosto. Esgotou-se com a apresentação do último capítulo. Lamentavelmente!