Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

terça-feira, 29 de julho de 2014

'Ação entre amigos' nunca foi programa de governo


Quarenta por cento a mais das empresas do setor de serviços fecharam as portas, no ano de 2014, em relação ao ano anterior, ao mesmo tempo em que houve uma queda de 4% na abertura de novas empresas para o mesmo período; 29% foi a quantidade empresas fechadas neste ano no setor industrial, em relação ao ano anterior, isto é, 289 fecharam as portas neste ano, enquanto 224 fecharam no ano passado; 14% das empresas do setor do comércio fecharam as portas neste ano nos seis primeiros meses deste ano, em comparação com igual período do ano passado, no ano, até aqui uma queda de 24%.

Este é o resultado de um levantamento feito pelo repórter Frank Siqueira, que subsidia interessante reportagem publicada domingo último(27) no Diário do Pará, intitulada, 'Fechamento de empresas dispara no Estado', algo que diz muito a respeito da tímida geração de empregos e do nosso pífio crescimento econômico nos últimos quatro anos, muito embora o jornal oficioso do governo do estado tenha festejado recentemente a liderança do estado na criação de empregos na região. Só ocultou, por razões óbvias, as causas dessa circunstancial subida, após três anos de perda de postos: foram os setores da construção civil e da mineração os responsáveis por essa súbita subida, em razão de empreendimentos federais, tipo o 'Minha Casa, Minha Vida', os responsáveis pela melhora. A depender do governo estadual, conforme os dados acima referidos, é melhor tirar o cavalo da chuva.

Como atesta a referida matéria assinada pelo repórter Frank Siqueira, "o mais preocupante é que essa queda não aconteceu somente de 2013 para 2014. Entre janeiro e junho de 2011, primeiro ano do governo Jatene, e os mesmos meses de 2012, o número de empresas que fecharam as portas aumentou de 1.329 para 1.580, ou quase 19% a mais". A matéria sugere que muito dessa decadência é devida à insensatez do governo paraense, junto com o Mato Grosso, os dois a manter o faixa de R$3,6 milhões no faturamento para efeito do gozo dos benefícios do programa Simples, enquanto a maioria dos estados já adota a faixa de R$1,26 milhão, que ajuda na sobrevivência fiscal das micro, pequenas e médias empresas, justamente as que mais fecham.

Pena que a reportagem tenha recorrido aos mesmos 'especialistas' de sempre, com isso perdendo excelente oportunidade de colocar aos leitores uma posição direta, sem as tergiversações de quem presta consultoria e teme brigar com o governador. Uma opinião mais independente certamente mostraria os males causados pela relação estado mínimo/mercado, imposto por Simão a partir de 2011, como um fator decisivo nessa redução da atividade econômica do estado. Como bem mostrou o deputado e professor de economia, Claudio Puty, em artigo publicado no início deste ano no jornal O Liberal, o atual governador reduziu os investimentos estatais na economia do estado a menos de 1/3 do que investia há cerca de 20 anos. Não por acaso, temos hoje a pior renda per capita do país; mais de 800 mil famílias tendo sua renda completada pelo benefício do 'Bolsa-Família';  mais de 60% dos idosos do estado contribuindo com o orçamento de suas famílias, graças aos benefícios da previdência social criados pela Constituição Federal de 1988, porém, só plenamente postos em vigor a partir do primeiro governo Lula(2003) e sem falar de situações como a anteriormente relatada, a respeito do programa 'Minha Casa...' como o fator gerador do refresco na empregabilidade no Pará.

Talvez, a boa reportagem mereça uma continuação por tratar um tema fundamental para o futuro de nossa economia. Mesmo que não pretenda esgotar o tema, certamente há de provocar no leitor uma sensação de que ainda é possível fazer bom jornalismo informando e suscitando bons debates, aqueles que fazem a população sair da situação de indiferença e ceticismo diante de governos praticantes da mera 'ação entre amigos', para cobrar do eleito uma atitude republicana, desprendida, socialmente responsável por isso voltada para o bem comum. Assim deve ser em uma democracia decente.

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