A redundância do título deste post é extraído de matéria publicada hoje no jornal 'Diário do Pará' em que é relatada uma bravata aparentemente desnecessária com que o proprietário do jornal, senador Jader Barbalho, dirige-se à Casa Civil da Presidência da República. O objeto é a cobrança de que se tire do papel um certo 'Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó', segundo a dita matéria, criado no já distante ano 2008, a quando da visita do então presidente Lula àquela região.
Aparentemente, a cobrança é legítima e obedece a compromissos que qualquer parlamentar da bancada paraense assume diante do eleitorado de nossa terra, especialmente o do Marajó, uma região altamente suscetível às mazelas sociais que castigam suas populações.
O que espanta é o tom duríssimo adotado pelo senador pemedebista, ao menos na matéria do jornal, inusual no adotado por aliados, como é Jader do governo federal, assim como o momento em que o eterno presidente do PMDB paraense escolheu para encenar tal veemência, próximo das eleições de outubro, como se quisesse transparecer uma postura pautada na auto suficiência e francamente intimidatória, na perspectiva de mostrar à plateia(eleitorado) que seus aliados do poder central mover-se-ão apenas porque o senador pemedebista deu um puxão de orelhas.
E mais: a ameaça de "lançar mão de outros instrumentos, mais desgastantes para o governo, se não chegarem às suas mãos, dentro do prazo legal, as informações solicitadas", mais do que chantagem e solércia, demonstra um cacoete recorrentemente verificado em políticos cujo comportamento é pautado na visão secularmente coronelista, como é o caso de Jader. Vale dizer, mal disfarça a tentativa de montar um governo paralelo ao que está legalmente em marcha, por sinal, eleito com a colaboração de Barbalho, através do manjado tráfico de influência capaz de empoderar quem não está institucionalmente habilitado para tal. Não por acaso, o filho e candidato de Jader ao governo do estado preside uma federação de prefeitos, embora há quase dois anos tenha deixado essa condição, algo que o senador pemedebista deve achar normal e fundamental pra arroubos populistas como o ora exposto.
À margem do que supõe Jader, rompantes dessa natureza podem constituir-se tiro no pé na medida em que ao deixar transparecer que, em um eventual governo Helder, ressaltará uma administração baseada na velha e anacrônica hierarquia familiar típicas de grandes fazendas, onde o pai é, além da autoridade máxima nesse ramo familiar, dotado de mandonismo que ignora solenemente a res pública e controla os passos do filho no desempenho deste em seu papel constitucional, à revelia de quem outorgou a missão, não ao filho do coronel, mas ao homem público, nos dando a estranha sensação de que quanto mais o tempo passa, mais nos aproximamos de um passado que não conseguimos superar.
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