Luxúria fora de lugar

Diante de tantos acontecimentos catastróficos na área da saúde estadual, ao longo desses mais de três anos de lorotocracia, quando uma operação-abafa na Santa Casa de Misericórdia do Pará atestou a falência de sua gestão compulsoriamente compartilhada à revelia do titular da pasta, soa estranha essa ida de Simão à uma tal de Cúpula do Desejo(huuuiii!!), a ser realizada em Doha, entre os dias 6 e 13 próximos.
Claro que qualquer intercâmbio na perspectiva da absorção de inovação tecnológica e administrativa é sempre bem vinda. Todavia, diante da crônica falta de investimentos no setor, o governo do estado praticamente lavou as mãos de suas responsabilidades transferindo-as à União e aos municípios, a única reação que se pode ter diante dessa viagem é de profundo ceticismo quanto aos seus resultados.
Com efeito, fazer o mais possível com o mínimo de recursos é um dos desafios mais fascinantes da área da saúde, conforme ensina o invejável sistema cubano. O problema é que isso depende enormemente da formação do capital humano que atua na área e, nesse quesito, os 15 anos de governos tucanos pouco ofereceram, principalmente naqueles momentos em que maior era expectativa. Basta lembrar a iniciativa tomada a quando da inauguração do Hospital Metropolitano de Belém, quando sua administração foi entregue de mão beijada à uma entidade mantenedora de uma faculdade particular, em prejuízo dos estudantes de medicina da Universidade do Estado do Pará, mesmo sendo aquele hospital construído e equipado em sua totalidade com recursos públicos.
Enfim, diante do histórico do pretendente, pode-se afirmar que falta-lhe o 'tesão' necessário para que realize seus desejos.