Sou só eu? |
Se a repetição sistemática de um gesto leva ao hábito, é óbvio que a idiotice pode muito bem transformar-se em parâmetro de comportamento. Assim, alguém que passa anos deliciando-se em descrever e explicar aquilo que considera sucessivos atos de um idiota, em um determinado momento torna-se vulnerável ao objeto dessa ocupação mental. É mais ou menos como ocorre no filmaço de Michelangelo Antonionni, Blow Up, na cena em que o fotógrafo, interpretado pelo ator britânico David Hemmings, passa a acompanhar a bola imaginária, em um jogo de tênis idem, disputado por dois jovens em um parque, embora o contexto do filme do filme seja outro, o de mostrar como versões podem desmentir os fatos a acabarem aceitas por imposição.
Na cena nacional, quando uma pessoa prenhe de convicções serro/golberystas crê que alguém que tenha votado em Delfim Neto se ache no direito de não concordar que seu voto seja computado ao partido que emprestou legenda a Delfim, a legislação brasileira não permite candidaturas avulsas, só pode ter assimilado a idiotice que ironiza para usar argumento tão cretino na defesa da velhaca legislação eleitoral vigente, a propósito, concebida por um dos gurus desse cretino e defendida com unhas e dentes pelo outro. Sem querer imiscuir-me em idiotices alheias, talvez isso explique as convicções reacionárias de quem julga necessária a presença do povo(?) nas ruas defendendo as idiossincrasias políticas dos que foram derrotados nas urnas, sem a obrigação do reconhecimento do resultado. Credo!
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