Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O mal maior é o mandonismo secular.

O Pará está entre os cinco estados com menor número de veículos privados por domicílio, no entanto, foi o que apresentou a piora mais significativa no quesito deslocamento de casa ao trabalho na sua Região Metropolitana. Essa piora, de 35,4% em dez anos, é maior até que a de São Paulo, 19,6% no mesmo período.
De cara, isso mostra que grande parte dos diagnósticos e soluções propostas ao longo desse período mostraram-se inócuas porque sempre evitaram abordar o principal, centrando fogo naquilo que era secundário por questões de conveniência política deixando que se chegasse a essa situação.
Seguramente, Belém oferece o pior serviço de transporte coletivo dentre todas as capitais brasileiras e isso decorre evidentemente do poder político que os empresários do setor amealharam em sucessivas eleições graças ao financiamento de bancadas parlamentares. Na época em que a Câmara Municipal de Belém começou seus trabalhos de elaboração de uma lei orgânica adequada à nova Constituição Federal, um vereador denunciou outro como porta-voz dos interesses desses empresários. Até CPI foi aberta para apurar o caso, no entanto, o principal suspeito de corromper o acusado fugiu pra Portugal e o caso foi encerrado de forma tão bizarra quanto começou. E o corrompido, como se sabe, virou deputado estadual, senador e prefeito da capital, onde notabilizou-se pela mais audaciosa onda de assaltos já praticados contra o erário municipal que se tem notícia.
Temos também uma das rendas per capita mais baixas do país, o que reflete nos outros indicadores econômicos que medem o status social; assim como padecemos de histórica indigência administrativa que nos fez destruir nossos "caminhos de ferro", ignorar nosso potencial hidroviário e dotar uma cidade que chegou a 1,5 milhão de habitantes de uma única via de entrada e saída.
Belém ainda nem superou os entraves a seu desenvolvimento surgidos em meados do século anterior, e nada indica que leve a sério os novos desafios surgidos neste século, afinal, a Lei Nº10.257/01(Estatuto da Cidade) continua sendo tratada pelo poder público como peça de ficção, embora, ou, talvez por isso, traga em seu bojo a mais notável conquista que se pode ter nos dias atuais: a obrigação da participação cidadã nas políticas públicas municipais, enquanto a grande maioria dos ocupantes dos poderes constituídos teimam em resumir o protagonismo necessário da sociedade a mera procuração em que o sistema eleitoral vigente transformou o voto. Procuração essa renovável de quatro em quatro anos. E só. Lamentável!

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