Simão é apenas isso: Lorota

Confesso que tentei ler a entrevista de Simão Lorota ao papelucho reacionário que se diz liberal, mas não consegui ir além do trecho em que a repórter perguntou o por quê de tanta reclamação com a Lei Kandir, já que seu autor é tucano, o presidente da República tucano era, assim como o governador paraense à época, bem como seu influente secretário de planejamento, por sinal, o próprio Lorota.
Aí ele saiu-se com essa pérola da sofística anacrônica culpando O PMDB pela aprovação da dita cuja porque o presidente do Senado Federal era o pemedebista(?) José Sarney, o líder do PMDB, aliado do governo(novidade), era Jader Barbalho(credo!) e quem encaminhou favoravelmente a votação foi o pemedebista gaúcho José Fogaça. Pra disfarçar o cinismo que sugere a responsabilidade pemedebista, o labioso Lorota tergiversa afirmando que isso mostrava uma tendência predominante no Congresso Nacional pra aprovar a lei, vista pelos tucanos como a salvação da nossa industrialização.
O tempo se encarregou de mostrar que tudo não passava de esperteza neoliberal, principalmente depois que Lula assumiu o comando do país e nossa pauta de exportações de commodities saltou espetacularmente a ponto de nos fazer um dos maiores produtores de alimentos do planeta. No entanto, o Pará continua sendo a maior vítima desse modelo imposto pela Lei Kandir, principalmente porque vê seu minério de ferro sair das nossas minas quase a custo zero para os exploradores. E tudo graças aos tucanos que exacerbaram, através dessa famigerada lei, um modelo de exploração colonial centrado na perpetuação do atraso econômico das regiões mais distantes do eixo Sul/Sudeste. E dessa cumplicidade criminosa não há papelucho, não há tergiversação, não há bravata encenada que absolva o nefasto Simão Lorota da grande responsabilidade que teve e que o acompanhará para sempre.
Ademais, essa peregrinação desesperada por compensações que mitiguem os estragos causados pela chusma neoliberal revela nitidamente a mentalidade apequenada que preside essa destrambelhada empreitada. Aproxima-se o ano eleitoral e, com ele, a necessidade de buscar recursos que encham as burras do Tesouro, pois é daí que sai o dinheiro patrocinador de empulhações como a lorotocracia. Não por acaso, não há qualquer referência ao abandono, por parte de Simão, do projeto da construção da ALPA, que agregaria valor ao nosso minério aqui mesmo no Pará e ensejaria o nosso desenvolvimento industrial. Qual o que. Como um esmoler, Simão quer apenas compensações. Triste!