Desconfio que o chororô da indústria pesqueira paraense, feito através do papelucho maiorânico, padece do mesmo mal que acomete a indústria brasileira de uma maneira geral: o pavor de concorrência, à margem da retórica do estado mínimo e das maravilhas do capitalismo.
Não por acaso, é citada a indesejada presença de produtos pesqueiros oriundos do Vietnã e da China, além da falta de incentivo do governo, como fatores que fizeram a indústria paraense despencar. Pareceu conveniente silenciar a respeito da falta de adequação de nossa indústria pesqueira a normas ambientais mais severas no tocante à captura, algo que durante muito tempo representou uma luta hercúlea da pesca artesanal contra a matança da "galinha dos ovos de ouro" que representava o modus operandi daquela in dústria, guerra ao que parece vencida com a preservação de nossa rica fauna aquática, graças à consolidação dessas normas.
Na verdade, o que atrapalha a indústria, fora o acima citado, é a mesma coisa que atrapalha nosso consumidor: a figura do atravessador. A diferença é que o consumidor nada pode fazer contra essa nefasta figura; enquanto os industriais do setor, se não fossem tão imediatistas, poderiam manter uma relação mais profissional com a pesca artesanal, na perspectiva de abastecer nosso mercado que, de resto, nunca viu um peixe vietnamita ou chinês e sempre vai atrás da pescada, do tamuatá e da hoje raríssima gurijuba. Esperemos que o regime de cooperativas de pescadores, que se fortalece nessas bandas supere esse problema de abastecimento, bem como sensibilize nossa lamurienta indústria a entender que os tempos são outros e que ela precisa ir à luta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário