Muita calma nessa hora!

Se o deputado/pastor Marco Feliciano(PSC/SP), ungido à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, responde a processo por estelionato; Mário Couto Filho(PSDB/PA), indicado por seu partido para fazer parte da Comissão de Ética do Senado Federal,  está com seus bens colocados em indisponibilidade pelo Tribunal de Justiça do Pará, a partir de investigação feita pelo Ministério Público estadual, que concluiu ter o senador tucano desviado R$13 milhões dos cofres da Assembléia Legislativa paraense quando foi seu presidente. Além disso, semana passada, foi noticiado que o mesmo Couto está sendo processado por um médico, de quem teria comprado uma lancha, no ano passado, e pago com três cheques sem fundo, sem que o oficial de justiça o localize para entregar a notificação da ação contra ele.
Isto nos leva a indagar o por quê da escolha do pastor ter provocado tantos protestos, enquanto a do senador tucano e ex-contraventor penal passar quase desapercebida. E só uma coisa explica os dois pesos e duas medidas usados por certos segmentos sociais organizados, em suas manifestações legítimas por mais higidez nos espaços públicos da política nacional: a forte influência que essas gangues midiáticas detentoras do monopólio da informação(ou deformação) ainda têm sobre a sociedade brasileira a ponto de interferir naquilo que lhe é mais caro, o sagrado exercício da cidadania.
Aliás, deveria merecer igual repúdio a manobra calhorda que a bancada tucana faz no Congresso Nacional, visando impedir por todos os meios a votação do orçamento para este ano. Intentando prejudicar o governo, faz pouco caso daquilo que sua atitude abjeta, se levada a extremos, pode causar inviabilizando inúmeros programas de transferência de renda e disseminar a fome entre todos os beneficiários desses programas. No entanto, para esses parlamentares nada disso é relevante. O que importa é provocar fatos que destruam a alta credibilidade do atual governo e assim abrir a perspectiva de uma volta ao poder de que sempre desdenhou da miséria do povo.
Vejam do que são capazes esses malfeitores, bem como o risco que se corre quando, a pretexto do exercício da cidadania, acaba-se fazendo o papel de 'trouxas' ao dar relevância como massa de manobra a velhacarias desse tipo. Nunca esqueçam da famigerada 'Marcha com Deus, família e sei lá o que mais' de 1964 e sua contribuição para o golpe que causou a ruptura democrática naquele ano.