Faltou um "tradutor"

No último dia do consumidor (15), a presidenta Dilma lançou o Plano Nacional de Consumo e Cidadania (Plandec), com um bom slogan -"Agora que temos mais direito de consumir, queremos consumir com mais direitos" - e com discursos pomposos, como transformar a proteção dos direitos do consumidor em política de Estado.

Depois dos discursos, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e outras autoridades deram uma entrevista coletiva, onde os jornalistas demostraram dificuldade em entender o que iria mudar de fato para a vida do consumidor. E com razão, pois o evento, os discursos, a entrevista, o Blog do Planalto, uma apresentação de "slides" no blog, explicava que os Procon's passariam a ter mais poderes, as empresas mais obrigações, mas não ficou muito claro como isso ocorreria na prática.

No dia seguinte, o jornal popular "O Dia" do Rio de Janeiro matou a charada e publicou na capa:

"Eletrodomésticos e celulares com defeito deverão ser trocados na hora"

É a tradução popular para esse texto divulgado pelo Planalto: "Será criada uma Câmara Nacional de Relações de Consumo, composta pelos ministérios da Justiça, Fazenda, Desenvolvimento, Planejamento e Casa Civil... A câmara deverá formular, em 30 dias, uma relação de produtos essenciais ao consumidor. Esses terão eventuais problemas solucionados imediatamente..."

O Plandec é bom e mais abrangente do que a manchete do jornal, atingindo bancos e serviços de telefonia, campeões de queixas nos Procon's, além do comércio eletrônico pela internet. Visa coibir a picaretagem de quem embroma ou engana o consumidor, de quem vende uma coisa e entrega outra, de quem aplica surpresas desagradáveis na conta bancária ou na conta de telefone.

O lançamento do plano exigia uma comunicação popular, voltada para o cidadão que vive esses aborrecimentos. Não foi feita. Não teve a repercussão esperada.

(Os Amigos do Presidente Lula)